O que correu mal à moção menos votada do congresso do CDS-PP

Não desistimos. Não cedemos a ninguém. Não alinhamos em chancelarias de caciques nos corredores. Não há tacho.

por Octávio Rebelo da Costa

Nada.

Absolutamente nada meus amigos.

Não desistimos. Não cedemos a ninguém. Não alinhamos em chancelarias de caciques nos corredores. Não há tacho.

É o que é.

Porque digo isto? Explico em 8 breves notas:

1. Parabenizar o CDS pela esmagadora maioria. Mesmo com tudo o que aqui vou explicar, o Dr. Nuno Melo venceu com 73% dos votos. Parabéns! Conto contigo para recuperar e unir o nosso partido.

Parabenizar também pela coragem o enorme Dr. José Seabra Duque e o Prof. Dr. Mattos Chaves. Por não desistirem e não cederem dos seus ideais, das suas Moções e da sua gente.

2. Dito isto, Parabéns a nós! Que orgulho!

Atingimos tudo o que queríamos. A Moção começou e acabou aberta, foi sempre comandada pelos seus subscritores, em contato direto, em todas as decisões e tomadas de posição (todos os que assim entenderam participaram, pois era pública, sendo que fui sempre o último a expressar a minha opinião pessoal).

As bases falaram, foram ao Magno púlpito.

Não cedemos a promessas vazias (mal chegamos a Guimarães já havia rumores que tínhamos lugares aqui e ali; que a Moção era uma Moção fantoche do NM. O resultado prova o contrário, e, se procurássemos lugares, procuraríamos integrar outra Moção, não avançaríamos com a nossa, ou, desistiríamos a favor de quem venceu), avançámos, porque não se desiste de causas, nem de ideias, e nós nunca viemos discutir pessoas nem assentos.

As ideias não são fungíveis, nem moeda de troca, nós (e as nossas causas) nunca estivemos à venda, muito menos em saldos em troca de uns lugares.

Existiam 10 Moções, 4 foram a votos (nós inclusive), porque não fizemos uma Moção só para aparecer nos jornais. A maioria dos delegados só se inscreve ao congresso se já tiver o seu voto delineado, portanto sabíamos para o que vínhamos, falando para quem não estava lá (as tais bases).

3. A imprensa insiste que percebe de estatutos, então só dá relevância aos que se apresentam como candidatos. Onde estão então esses candidatos nos resultados? São candidatos como?

Infelizmente basta dizer para ser, não caímos nesses joguinhos fratricidas. As listas aos órgãos nacionais são apresentadas DEPOIS da votação nas Moções senhores jornalistas. Não antes como gentilmente me tentaram explicar.

4. O nosso slot para apresentar a Moção era o 4º, seguido do Nuno Melo que estava em 2º. Portanto, depois de ouvir o seu candidato, os delegados a congresso vão fumar, tirar fotografias, provar uns petiscos regionais, dar umas palmadinhas nas costas, negociar em corredores menos iluminados e entornar umas jolas. Faz parte, dizem os entendidos.

Não estão na sala para ouvir, porque ninguém vem para o congresso ouvir, vão para uma convenção bater palmas a quem lhe prometeu qualquer coisa.

Eu prometi dar voz a quem não a tivesse a troco de nada, falar pelos que não podem vir a congresso, portanto nunca tive nem quis ter base negocial.

5. A “união” das Moções (amplamente noticiada) para fazer listas (nada mais que) contra o Dr. Nuno Melo mostra que para alguns o fel interno e o putativo tacho continuam causas mais agregadoras em detrimento (claro) de acreditarem realmente nas suas próprias Moções, ou defender quem as subscreveu.

Seria importante até para quem subscreve estas “candidaturas” perceber que Moções que defendem a adoção por casais homossexuais negociaram ir juntas com Moções que são perentoriamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, só para tirar espaço à maioria nos órgãos do partido. Viva!

É (para estes centristas) mais importante dividir para reinar que propriamente apresentar ideias e soluções.

Felizmente, a maioria venceu, portanto, uma vitória esmagadora é uma vitoria para a nossa Moção. É importante perceber então aos senhores subscritores que as Moções que que se comprometeram a castigar e a ostracizar por exemplo os liberais, que quem comandava estas estava disposto a unir esforços com Moções como a nossa que defende um conceito de família conservador, mas mais alargado (por exemplo de casais do mesmo sexo), ou que devemos largar a bandeira da tauromaquia.

A quem quiser perceber melhor, convido-o a visitar as minhas redes sociais e ouvir a minha última intervenção lá publicada. Não atacámos ninguém, e ajudámos todas e quaisquer Moções. Acreditamos num CDS coeso para dentro e belicista só para fora.

Relembro os mais distraídos que as Moções de Estratégia Global servem para delinear um caminho e uma estratégia para o partido. Mesmo parecendo, não são um tanque de lavar roupa suja.

Portanto, há quem fique muito chocado com o progressismo, mas mais importante que apresentar ideias continua a ser dividir para reinar. Garantiram um terço do Conselho Nacional, não contam connosco.

6. O mote desta Moção foi mudar os estatutos, reformar o método eletivo para diretas, esta sempre foi a nossa exigência conjunta maior.

Acho que só esta frase já explica o resultado da nossa Moção (A SOMA QUE DÁ UM – D) nas urnas. Defendemos um eleitorado que não existe, porque o método eletivo atual do CDS-PP não lhes dá voz.

Aos leitores que chegaram até aqui, obrigado. Está explicado.

Porém, sendo pessoalmente a educação a minha causa maior, permitam-me humildemente explicar de forma inteligível e em detalhe como funciona este método “eletivo” (se não lhe interessar, pode passar para o ponto 7):

Primeiro há a eleição de delegados ao congresso. Ou seja, num universo de cerca de 22.000 militantes, existe uma eleição anterior nas concelhias para uma lista de delegados. São esses delegados que posteriormente votam, em alternativa, nas Moções que se apresentam “a jogo”.

Para apresentar uma lista, há que reunir um quórum proporcional ao número de filiados no concelho. Não obstante o indecoroso facto de existirem concelhias fantasma que só servem este propósito, e outros tantos outros truques de secretária, estas listas são já elas próprias feitas segundo a promessa de voto em determinado candidato, (a troco de qualquer coisa evidentemente), basta ver as listas eleitas nos órgãos nacionais (pós-congresso) e atentar a quem as compõe.

Isto significa então que não é o CDS que escolhe as suas lideranças diretamente, mas sim estes tais 1150 delegados “eleitos” (ou com inerência) por um sufrágio anterior, cuja validade nos parece clara e cumulativamente dúbia.

Atenção, que quando digo que se apresentam a “jogo”, uso aspas, porque digo que o resultado está definido antes de a própria roda girar. Logo, a um partido quase falido convinha lembrar que é despropositada a poupa e circunstância com que se apresenta a este “ato de democracia”, quando todos sabíamos que o Dr. Nuno Melo iria vencer.

Preparar um projeto, arregimentar pessoas, produzir ideias e depois desistir a favor de x ou y, é das duas, uma: assim garantir o tal tachinho, não passar a vergonha de ser sufragado. Não desistir e congregar Moções (mesmo que contraditórias), é por sua vez a forma de continuar no poleiro em forma de geringonça, nem que seja só para dificultar a vida de quem vence.

Evidentemente, esta parte do “jogo” é a parte que repudiamos, mas está tão presente que temos ZERO lugares.

O que propomos é a legitimação efetiva das lideranças, pelo universo de todos os militantes, abrindo assim o partido à sociedade e à participação mais ativa de todos os militantes de base”.

O CDS-PP já teve este método, mas aprovou em 2011 o regresso aos congressos eletivos. Deixo à consideração do leitor as razões de tal ter acontecido.

7.  Aos simpáticos comentários: Não te cumprimento porque não gostas de tauromaquia; prefiro morrer que votar nesse puto otário; olha o gajo que só quer aparecer e os seus muchachos; ideias? mas tens votos? quem decide aqui sou eu, não tens votos vai para casa; deves pensar que és alguém; anda ali á minha salinha tenho uma proposta.

Bem, o CDS-PP precisa de todos, e aprendi que afinal sou mais democrata cristão do que o que pensava, não precisando sequer de o pregar a todas as capelinhas. Obrigado.

8. para o fim, claro, o mais importante: Obrigado! Somos a soma que dá um! Sem ordem especifica e sob pena de me esquecer de alguém, estou-vos penhoradamente grato e serei sempre vosso, Manu, Mário Amaro, Ana Faria, Diogo Fernandes, Rei Casaca, ao meu amor Patrícia Reguengo, Catarina Soares, Fred Campos, Carolina Figueiredo, Silvia Lopes, Gato Politico, Ângelo Miguel, Pedro Madanços, Luís Delgado, Thomas Constantino, Nuno Brito, Gabriela Magalhães, o isento e grande Homem José Seabra Duque, Cão Politico, Sebastião Andrade, Rui Carneiro, Bruna Abrantes, Diogo Reis, Carlos Meira, Gustavo Ambrósio, Miguel Freire, Cátia Borges, Sofia Peralta, Hugo Sousa, José Miguel Silva e de todas as bases que acreditam em nós. NUNCA SE CALEM, NÃO TENHAM MEDO.

Obrigado! Não acabou nada, começou agora. Vocês são incríveis! Conseguimos, conseguimos! Portugal, esperávamos, desejávamos, conseguimos. VITÓRIA!