A Associação dos Ucranianos em Portugal denunciou a alegada presença no país de "agentes de influência russa". Numa carta enviada à secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Maria da Graça Mira Gomes, a associação afasta a ligação entre esta denúncia e os dez funcionários da Embaixa russa expulsos de Portugal, apontando o dedo a organizações não-governamentais que só na aparência são “multiculturais”.
De acordo com uma notícia avançada pela RTP, a presidente da associação, Pavlo Sadokha, escreveu na carta ao SIRP que o "governo da Federação Russa planeava a invasão militar do território ucraniano já antes de 2014. Para isso, através das suas redes internacionais da propaganda e desinformação (Agência Rossotrudnichestvo, fundação Russki Mir, etc.) foram em Portugal (e nos outros países) criadas ONG que, apesar de serem multiculturais nos seus estatutos, na realidade estão diretamente ligadas à Embaixada da Federação Rússia”.
Na carta, para a qual Sadokha ainda não obteve resposta, lia-se ainda que "o principal papel político destas organizações e destes agentes de influência russos infiltrados em Portugal é o de influenciar a comunidade ucraniana, desinformar a sociedade portuguesa e ocidental sobre a história da Ucrânia, da realidade social e política na Ucrânia, convencer os países ocidentais de que o território da Ucrânia sempre pertenceu à Rússia e que o povo ucraniano é tão só uma parte integrante e étnica dentro da nação russa".
A associação explica também que meses antes do início da invasão russa à Ucrânia, a 24 de fevereiro, estas organizações, que, em Portugal, "são reconhecidas pelo Alto Comissariado das Migrações" (ACM), limparam "toda informação que mostrava a ligação com a embaixada da Rússia em Portugal nas suas páginas web e redes sociais"
Pavlo Sadokha afirma que, tanto a Embaixada da Ucrânia em Portugal, como a Associação de Ucranianos em Portugal, alertaram o ACM diversas vezes, assim como "os respetivos secretários de Estado da tutela sobre o inaceitável facto de a comunidade ucraniana em Portugal estar representada pelas associações que fazem parte das instituições de propaganda russa", mas que esses alertas não surtiram efeito.
"Através do ACM, estas organizações podem recebem apoio do Estado português para depois ser usado para fins e eventos de propaganda pró-russa. Quando alertámos para estas situações, nunca recebemos a resposta, mais uma vez", reitera a associação.
Recorde-se que ontem, terça-feira, o Ministro dos Negócios Estrangeiros informou, numa nota enviada às redações, que o Governo português atribuiu a classificação de persona non grata a dez funcionários da Embaixada da Rússia em Lisboa, uma vez que estes estavam a desenvolver atividades contrárias à segurança nacionalç