Apesar de análises iniciais indicarem que o Presidente francês, Emmanuel Macron, ia conseguir vencer as eleições ‘com uma perna às costas’, sondagens mais recentes afirmam que a reeleição de Macron não será assim tão simples.
Dados divulgados esta quarta-feira mostram que Macron deverá ganhar de forma confortável a primeira volta do exercício democrático. Mas a sondagem diária do jornal Les Echos, elaborada pela OpinionWay – Kéa Partners dá, numa segunda volta, 55% das intenções de voto ao Presidente, contra 45% de Marine Le Pen, líder do Reunião Nacional. Os candidatos nunca estiveram tão próximos nas projeções de voto de uma segunda volta.
O Presidente francês ainda conseguiu cavar uma vantagem significativa nas sondagens em relação à sua principal adversária, contudo tem-na perdido rapidamente, numa altura em que também Jean-Luc Mélenchon, candidato da esquerda radical, cavalga nas sondagens, chegando ao terceiro lugar, confiante que ainda poderá chegar à segunda volta.
Um dos principais fatores que justificam a descida de Macron nas sondagens tem sido a ausência da campanha, justificando-se com as suas responsabilidades na Guerra da Ucrânia, em que se tem assumido como uma espécie de rosto da Europa. Analistas acusam-no de estar «distraído» no que toca às presidenciais.
No passado sábado, o Presidente marcou presença na sala La Défense Arena, em Paris, recebido por mais de 30 mil pessoas, para fazer um apelo de mobilização para combater o racismo e a extrema-direita.
«Em muitas eleições, o que parecia impossível aconteceu. Não quero nem arrogância, nem derrotismo, quero uma mobilização geral, vontade e ação. […] O perigo extremista existe há muitos anos e o ódio e a verdade alternativa banalizaram-se no debate político. Habituámo-nos a ver desfilar nalgumas televisões autores antissemitas, racistas. Não os assobiemos, vamos combatê-los com as nossas ideias», disse Macron à multidão.
Também a afundar a taxa de popularidade de Macron está a decisão de aumentar da idade de reforma dos 62 para os 65 anos. Segundo uma sondagem recente da Elabe publicada pelo Les Echos, cerca de 70% dos franceses opõem-se a esta medida.
Já Le Pen, que começou a campanha em risco de nem sequer ser a candidata com mais votos à direita, com Valérie Pécresse, candidata de Os Republicanos, a direita tradicional, a cortejar algum do seu eleitorado mais centrista, e Éric Zemmour, comentador acusado de adotar um racismo e xenofobia ainda mais vincado do que a líder da Reunião Nacional, atingia o seu flanco direito.
A campanha foi ainda marcada pela «traição» da sua sobrinha, Marion Marechal, que revelou, no início de abril, que não iria apoiar a tia nas eleições presidenciais, mas sim o seu rival, Eric Zemmour, do partido Reconquista. A líder do Reagrupamento Nacional descreveu esta decisão como «algo brutal, violento».
No entanto, as recentes sondagens mostram Le Pen numa boa posição e nem a sua posição próxima do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, com imagens a circular na internet dos dois políticos a partilhar um aperto de mão, parece prejudicar a intenção de voto da candidata de extrema-direita.
Depois dos dois principais candidatos nestas eleições surge Jean-Luc Mélenchon, que se descreveu como uma «tartaruga presidencial»: «lenta, mas com o potencial para derrotar as lebres na meta».
«Temos ainda alguns dias e podemos sentir o nosso destino na ponta dos dedos. Sabemos que podemos pressionar pela mais incrível mudança de direção política imaginável», disse o candidato, que surgiu em formato de holograma em 12 cidades em simultâneo.
As eleições presidenciais francesas contam com 12 candidatos. A primeira volta vai decorrer já em 10 de abril, e a segunda volta a 24 de abril.