Uma vila dos contos de fada

Fiz uma visita guiada ao belíssimo Palácio da Vila. Praticamente todos os reis e rainhas de Portugal habitaram este palácio por períodos mais ou menos prolongados, aqui deixando a sua marca e a memória das suas vivências. Sabias que as famosas chaminés, que sempre vimos brancas, em tempos idos já foram pintadas de cores garridas.…

Querida avó,  Viste a quantidade deputados novos (de idade) que deram entrada na Assembleia da República?  Espero que apesar de “não terem ontem”, como diria o Varela Silva, tenham capacidades para cumprir o dever para o qual foram eleitos.

Por falar em Varela Silva, fui ao Coliseu ver a despedida da nossa Simone de Oliveira dos palcos.

Indo ao que importa, muito obrigado pelas dicas que me deste sobre a belíssima Sintra.

Tinha consultado anteriormente o site Parques de Sintra. Como tal, estava bem preparado para visitar alguns dos melhores encantos desta vila que nos leva numa viagem às memórias do passado.

Fiz uma visita guiada ao belíssimo Palácio da Vila. Praticamente todos os reis e rainhas de Portugal habitaram este palácio por períodos mais ou menos prolongados, aqui deixando a sua marca e a memória das suas vivências. Sabias que as famosas chaminés, que sempre vimos brancas, em tempos idos já foram pintadas de cores garridas. Entre outras curiosidades, descobri o significado das expressões “Ir ao banco” e “Por a mesa”, imagina.

Claro que também fiz uma visita guiada ao Palácio da Pena.

Grande D. Fernando, que nos deixou esta belíssima obra que parece saída dos contos de fada. Faz sonhar todos que por ali passam, que o avistam ao longe e que com ele se deslumbram.

Como tão bem sugeriste visitei o Chalet da Condessa D´Edla, a cantora de ópera que conquistou o coração de D. Fernando II, depois de este perder a sua primeira mulher, a rainha D. Maria II.

A minha visita a Sintra não podia ficar concluída sem passar pelo Sintra Mitos e Lendas, um centro interativo que nos leva a uma viagem pelo misticismo, segredos e romantismo da vila.

Não foste tu, que juntamente com outros escritores, escreveram o livro Os Novos Mistérios de Sintra?

Conta-me tudo.

Bjs

 

Querido neto,  

Sim, é verdade que escrevi, com mais seis autores, um livro chamado Os Novos Mistérios de Sintra. A Câmara de Sintra queria celebrar os 100 anos da publicação de Os Mistérios da Estrada de Sintra, do Eça de Queiroz e do Ramalho Ortigão. O Zé Fanha trabalhava lá e o Presidente chamou-o para ele escolher outro autor e escreverem ambos uma obra semelhante. O Fanha disse logo que sim, mas que lhe parecia melhor não serem só dois escritores mas mais alguns. E além disso, como o IC-19 não tem mistérios nenhuns, tirávamos também a “estrada”. Ficaria só Os Novos Mistérios de Sintra.

Logo nesse dia telefonou a mais seis amigos (eu, o Mário Zambujal, o João Aguiar, a Rosa Lobato de Faria, a Luísa Beltrão e a Leonor Xavier) e marcámos logo uma reunião.

Não fazes ideia de como é difícil escrever um romance a 14 mãos… Porque os leitores não vão ler 14 capítulos diferentes – os leitores vão ler um romance, no seu todo.

Decidimos então que cada um de nós escrevia dois capítulos, e tirámos à sorte a ordem em que cada um ia entrar. E também logo ali decidimos que quem escrevesse o primeiro capítulo era o que escreveria o último.

É claro que cada um de nós se esforçava imenso para dificultar a vida do que vinha a seguir… Género «e foi então que se ouviu uma voz do fundo da estrada…»

E o outro que continuasse.

Também era preciso que nos déssemos muito bem uns com os outros, sem medo de dizer ao que nos tinha antecedido, «isto está horrível, escreve lá isso outra vez».

A meio do livro, quando já todos tínhamos escrito um capítulo, tivemos uma reunião para pedirmos a todos que, pelo amor de Deus, não inventassem mais personagens senão não se conseguia acabar aquilo.

Para além disso combinámos também que nenhum assinaria os seus capítulos – os nossos nomes vinham todos no fim, por ordem alfabética e sem nenhuma referência aos capítulos.

E pronto aí tens tudo o que é preciso para se escrever um livro a catorze mãos.

Bjs