Shehbaz Sharif eleito primeiro-ministro do Paquistão

Irmão de um antigo PM exilado, Nawaz Sharif, Shehbaz assume liderança do Paquistão.

Um dia depois da queda do regime de Imran Khan, por uma moção de censura aprovada pela Assembleia Nacional, o Paquistão já tem um novo primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, irmão do líder e antigo primeiro-ministro exilado Nawaz Sharif.

Sharif foi o responsável pela moção de censura que, no sábado, obteve 174 de votos dos legisladores, causando a destituição prematura de Khan, na sequência de várias semanas de crise política.

A situação atual no Paquistão ocorre após duas semanas turbulentas, agitadas pelas tácticas de Khan para impedir a votação da moção de censura que deveria ter ocorrido no passado dia 3.

No entanto, no contexto de uma alegada “conspiração internacional” e referindo-se a um artigo da Constituição que exigia lealdade ao Estado, a votação foi negada.

Khan pediu então ao Presidente paquistanês, Arif Alvi, que dissolvesse a câmara baixa, com o que este concordou, o que implicaria a realização de eleições antecipadas no prazo de 90 dias.

No entanto, na última quinta-feira, o Supremo Tribunal declarou a moção inconstitucional e ordenou a realização de uma nova sessão do parlamento, que ocorreu no sábado para que fosse votada a moção de censura. A votação ocorreu já depois da meia-noite, culminando um dia longo de discursos e adiamentos contínuos.

Viabilizada com o voto de 174 dos 342 legisladores (eram necessários pelo menos 172), a moção levou a que Khan fosse o primeiro chefe de governo paquistanês a ser destituído pelo parlamento.

Khan seguiu assim o destino de todos os primeiros-ministros do Paquistão desde a independência do império britânico em 1947, em que nenhum foi capaz de completar o mandato, quer devido a golpe político, destituição ou assassínio.

Imran Khan, 69 anos, famoso por conduzir a equipa nacional de críquete, desporto rei do país, à sua única vitória no Campeonato do Mundo em 1992, e que se tornou primeiro-ministro em 2018, tem tentado tudo para se manter no poder.

O primeiro-ministro cessante acusa os EUA, com o apoio dos partidos da oposição, de terem orquestrado a moção de censura por ter optado por uma política externa para o Paquistão sem vínculos, como quando decidiu manter sua visita oficial a Moscovo, apesar de ter coincidido com o início da invasão russa da Ucrânia.

“O Paquistão tornou-se um estado independente em 1947, mas a luta pela liberdade recomeça hoje contra uma conspiração estrangeira de mudança de regime. É sempre o povo do país que defende sua soberania e democracia”, publicou na rede social Twitter, na sua primeira reação pública após a saída do poder.