Quando se anda à procura de qualquer coisa em concreto, o que acaba por acontecer na grande maioria das vezes são outras tantas descobertas: seja um postalinho, um íman de uma determinada viagem – que desde que aterrou já tinha perdido a sua função e nunca chegou a juntar-se às restantes memórias na tela do frigorífico – ou um teste do 3.º ciclo que tem a avaliação esborratada. Penso que para ter ficado guardado era porque a nota justificava esse gesto. Mas como nos entretantos não dei com mais nenhum, também desejei que o melhor seria ter outra lógica. Ou que podia só não ter lógica nenhuma. Como nestas missões acabamos sempre por nos desviar do motivo da busca, ainda reli o enunciado antes de voltar a guardá-lo, comprovando assim que poderia ali ter sido colocado sem grandes explicações.
Na gaveta dos ‘gadgets’, o Game Boy colorido e o Brick Game – dispositivo portátil que reunia os melhores jogos, com destaque para o Tetris, devidamente acompanhado da sua estridente banda sonora (género toque polifónico). O Game Boy – cujo nome daria hoje pano para mangas – liga de imediato ao deslizar a patilha lateral para cima. Uma verdadeira coça aos recentes modelos tecnológicos, cada vez mais fáceis de transportar, mas que não nos deixam andar sem o carregador ou a power bank sempre por perto.
Coloco tudo nas pastinhas respetivas mais uma vez. Volto a focar-me no propósito inicial. Em vão.
Ganha força a teoria de que a casa não tem buracos, só para dar uma motivação extra. Infrutífera. Começa então uma rápida avaliação mental da real necessidade de encontrar o tal objeto perdido.
Talvez ainda mereça uma segunda oportunidade. Da próxima começo à procura do teste e, quem sabe, aparece o que agora queria. Mas, por enquanto, neste desafio, era uma negativa garantida. E no teste, pelo menos, continua essa dúvida.