Páscoa é sinónimo de férias escolares – ainda que este ano mais curtas – ou de fim de semana prolongado. E depois de dois anos com restrições apertadas, os portugueses estão a aproveitar esta época para viajar. A garantia é dada ao Nascer do SOL por Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT): «Os portugueses estão a viajar muito para fora nesta Páscoa».
O responsável diz que, «por razões óbvias», não se comparam estes valores com 2020 e 2021, mas comparam-se com 2019 «e a grande verdade é que a resposta do mercado será sempre assimétrica», uma vez que «as empresas não responderam todas da mesma maneira. Mas relativamente a 2019 estarão a vender para este período da Páscoa entre 75% a 90%».
Pedro Costa Ferreira atira: «Haverá, inclusivamente, com certeza, agências de viagens que estarão a vender mais que no ano passado. Consideramos muito positivo».
Sobre os destinos não há dúvidas: «O mercado português é um mercado já bastante maduro e bastante diversificado» e, por isso, «há vários destinos que vendem bem na Páscoa».
Como exemplos de destinos – «alguns dos quais com reservas esgotadas há já alguns dias» – estão Cabo Verde, Punta Cana, México, mas também Cuba. Juntam-se Tunísia ou a Disneyland Paris, e mais longo curso o Dubai. Também as Maldivas «continuam a vender-se bem».
«E em Portugal é sempre o momento da Páscoa porque, sobretudo este ano, as férias são mais curtas uma semana. E, um pouco por todo o continente, com destaque para Madeira e Algarve, mas todo o continente são destinos com relevância para esta Páscoa».
Sobre este assunto, o presidente da APAVT conclui: «Ganhamos confiança para tentarmos igualar 2019 no verão. Esperamos que a oferta se desenvolva, porque é preciso a oferta desenvolver-se e dentro das principais incertezas do mundo, relacionadas sobretudo com a inflação, com a guerra, e com a pandemia, se se aligeirar um pouco, acreditamos numa operação já próxima de 2019».
No entanto, defende, é preciso sublinhar «que uma recuperação ao nível do volume de negócios não é igual a uma recuperação ao nível do balanço das agências de viagem. As agências de viagens perderam muitos anos de resultados nestes dois últimos anos. Para voltarmos, em termos de volume de negócios, a 2019, ainda faltarão quatro ou cinco anos».
Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias, não tem dúvidas: «O período da Páscoa está a correr muito, muito bem», diz ao Nascer do SOL. Lembra, no entanto, as duas limitações que se verificam este ano. A primeira é a redução das férias escolares. «Depois é que hoje há, felizmente, muitos destinos que permitem viajar mas ainda continua a haver muitas restrições em relação a outros», diz.
Ainda assim, é certo que em relação ao que foi possível vender para o estrangeiro, «correu muito bem», avança Nuno Mateus, lembrando que está a considerar o período de 9 a 17 de abril.
Nos destinos, dá como «destacadíssimo» Cabo Verde, seguido da Disneyland Paris. E uma das surpresas vai para o Brasil. «Há dois anos pouco se vendia, começámos a vender no fim do ano passado e neste momento está muito bem», avança. Seguem-se as Maldivas, e depois «a grande surpresa» que é o Senegal. Para Nuno Mateus a justificação reside na recente abertura – a 8 de abril – do novo hotel Riu Baobab, que se situa numa praia senegalesa e que está a ser «uma tendência».
Mas há outros destinos, como São Tomé e Príncipe. Por cá, o destaque vai para os Açores e Madeira.
Para esta época da Páscoa, garante «há realmente uma boa procura», diz o responsável, destacando ainda destinos o Dubai, a Tunísia e a Tanzânia. «Nota-se perfeitamente que há uma grande vontade de viajar, apesar do período mais concentrado», observa.
Olhando para os destinos, são destinos de luxo. Mas Nuno Mateus defende que «a Páscoa não é um período barato». E acrescenta: «Durante a pandemia os preços caíram bastante em alguns destinos porque a procura caiu bastante. Há uma procura enorme dos outros mercados em relação a Portugal e todas as notícias dão conta que vamos ter uma excelente Páscoa», tal como avançou o Nascer do SOL na edição anterior.
E explica que existe «uma preferência muito grande para destinos onde o certificado de vacinação é aceite. No fundo, isenta as pessoas de fazerem o PCR, que é caro e desconfortável. Todos estes são destinos de certificado de vacinação».
Guerra prejudica?
«Obviamente», defende Pedro Costa Ferreira. Mas não todos. «Do ponto de vista das viagens dos portugueses, uma vez mais a resposta é assimétrica mas na média do mercado não é muito prejudicado». Isto porque «não são destinos com uma grande quota de mercado». Mas há empresas que trabalham muito os países bálticos e essas, «naturalmente são muito afetadas». «Mas, do ponto de vista global, julgo que – e a Páscoa está aí a provar isso – as expectativas e estimativas do verão apontam para caminharmos em direção a 2019».
Já Nuno Mateus é taxativo: «A guerra prejudica sempre porque tem sempre um destino perverso em relação à questão dos combustíveis. Ajudar não ajuda nada». Acrescenta que, «provavelmente os destinos que estão mais próximos são os mais prejudicados mas não temos, felizmente, muita programação na Europa». «É evidente que uma guerra prejudica sempre, nem que seja a confiança das pessoas. Mas até agora as coisas têm corrido bem porque os destinos que temos estão completamente fora dessa rota».
E remata: «As pessoas estão a aproveitar esta Páscoa como a primeira lufada a sério depois da covid».
Questionado sobre se o aumento do custo de vida e as taxas extra que algumas companhias aéreas cobram devido ao aumento do preço dos combustíveis podem prejudicar as viagens dos portugueses, Pedro Costa Ferreira é perentório: «Podem viajar menos se os preços cavalgarem e se se confirmarem estas subidas de preços».
Até ao momento, diz, «há preços mais caros, sobretudo as passagens aéreas decorrentes do aumento dos custos da energia. Mas há também a oferta de preços muito competitivos». «De um modo geral, diria que há um crescimento relativamente ténue e, por outro, lado todos sabemos e é uma questão estatística, que há uma poupança acumulada da pandemia, uma poupança extraordinária, que não ocorre em vida normal e que, ligada ao desejo de consumir, provavelmente faz com que os portugueses tenham maior apetência por viajar, desde que o preço não suba desmesuradamente». Por isso, não tem dúvidas: «A grande verdade é que não sentimos restrição da procura face ao aumento deste preço».
Portugueses prolongam escapadinhas da Páscoa
A confirmar estes dados está a mais recente pesquisa do Airbnb, que diz que os portugueses demonstram interesse em viajar para as cidades europeias durante a Páscoa.
«As tendências mostram que os portugueses estão a planear prolongar as suas escapadinhas de Páscoa. Viagens entre dois e seis dias representam a maioria das pesquisas nas estadias de Páscoa e quase um quarto dos hóspedes procura viagens superiores a uma semana (ou 7 noites) e inferiores a um mês».
Do lado dos viajantes europeus que pretendem ficar numa cidade durante a Páscoa, há uma preferência por Portugal. Lisboa e Porto encontram-se entre as cidades mais procuradas por espanhóis, austríacos, alemães, britânicos ou franceses, diz o Airbnb.
Dentro de Portugal, as maiores pesquisas são por estadias em Lisboa, Porto, Funchal, Ponta Delgada, Albufeira, Sintra, Terras de Bouro (Braga), Oliveira do Hospital (Coimbra) e Manteigas (Guarda).