A candidata da extrema-direita às eleições presidenciais francesas Marine Le Pen e pessoas próximas dela são acusadas de ter desviado cerca de 600 mil euros de dinheiro público europeu durante os mandatos enquanto eurodeputados.
A acusação foi apresentada pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), de acordo com um relatório divulgado no sábado pelo portal de informação francês Mediapart e enviado à justiça francesa.
O Ministério Público de Paris confirmou ter recebido este relatório a 11 de março, indicou a agência de notícias francesa AFP. Agora o documento está em análise.
O advogado de Marine Le Pen, Rodolphe Bosselut, disse que está “espantado com o momento escolhido para a revelação” e a sua “instrumentalização”. Note-se que, neste momento, a candidata está em campanha para a segunda volta das eleições presidenciais em França, que se realizará a 24 de abril, na qual enfrentará o atual chefe de Estado, o centrista Emmanuel Macron.
Bosselut também se declarou "consternado com a forma como o OLAF está a atuar, sem contraditório" e em relação a "factos antigos, com mais de dez anos" nalguns casos.
Marine Le Pen "não foi intimada por qualquer autoridade judicial francesa", assinalou, ao lamentar ainda que nem ele nem a candidata tenham recebido o devido relatório final.
Segundo o advogado, a investigação do OLAF está em curso desde 2016 e Le Pen foi interrogada por correio em março de 2021.
De acordo com os excertos publicados pelo Mediapart do novo relatório do OLAF, Marine Le Pen e pessoas próximas dela terão utilizado ajudas designadas para os deputados europeus para fins políticos nacionais, despesas pessoais e subsídios a empresas próximas do seu partido, então chamado Frente Nacional (FN, atualmente União Nacional), e do grupo parlamentar de extrema-direita Europa das Nações e das Liberdades (ENL).
O OLAF implica Marine Le Pen, outros três ex-eurodeputados franceses – o seu pai, Jean-Marie Le Pen, o seu antigo companheiro, Louis Aliot, e Bruno Gollnisch, membro do secretariado nacional da FN – e o ENL.
O organismo acusa-os de terem desviado cerca de 600 mil euros, cujo reembolso pretende que seja feito.
Segundo o relatório, a candidata da Frente Nacional terá pessoalmente desviado cerca de 137.000 euros de dinheiro público do Parlamento de Estrasburgo quando foi eurodeputada, entre 2004 e 2017.
Desde junho de 2017, Marine Le Pen é também perseguida judicialmente no âmbito do inquérito em curso em Paris sobre suspeitas de criar empregos fictícios no Parlamento Europeu para assistentes do partido.
Neste momento, está, portanto, indiciada por "desvio de fundos públicos" e "cumplicidade" no crime em causa neste inquérito.