Há dois suspeitos detidos em Portugal no âmbito da Operação Descobrimento que hoje culminou em dezenas buscas e que nos últimos meses investigou uma rede narcotráfico internacional que operava uma rota transatlântica. A Polícia Judiciária e a Polícia Federal brasileira acreditam que esta rede terá sido responsável por colocar, há um ano, 595 quilos de cocaína a bordo de um jato particular que tinha viajado de Portugal para o Brasil e que se preparava para fazer a viagem de regresso de Salvador da Baía rumo ao aeródromo de Tires. O antigo presidente do Boavista, João Loureiro, era um dos passageiros, mas a ligação do empresário português ao transporte de droga foi afastada pouco depois de o avião ter sido intercetado em fevereiro de 2021, como o SOL noticiou na altura. Agora, as autoridades acreditam que terão dado um rude golpe no núcleo financeiro da organização criminosa tramada pela viagem do avião português, um Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo.
"As medidas judiciais que estão a ser cumpridas nos dois países não implicam cidadãos portugueses", avançou ao i o delegado da Polícia Federal brasileira Aldair Gregório.
Segundo foi possível apurar, os dois detidos em Portugal têm nacionalidade brasileira e são um homem e uma mulher, esta com um mandado de captura internacional e que agora foi localizada em Lisboa, num hotel de luxo. Nelma Kodama, de 55 anos, tinha sido alvo de suspeitas na operação Lava Jato em 2014, tendo sido condenada a 18 anos de prisão, mas estava foragida desde então. Segundo fonte policial, as autoridades suspeitam que Nelma Kodama participaria em lavagem de dinheiro para o tráfico das drogas. A segunda detenção aconteceu no Norte do país.
Apesar de haver ao todo nove mandados de prisão, no Brasil só foram feitas cinco detenções, confirmou ao i Aldair Gregório. Foram executados 43 mandados de busca nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. Segundo o comunicado da Polícia Federal brasileira, as investigações tiveram início em fevereiro de 2021, precisamente quando foi intercetado o jato português carregado com droga e pronto para seguir para Portugal. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave. "A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de avião e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação do grupo).
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador/BA e pela Justiça Portuguesa.