A representação portuguesa na Bienal de Veneza, uma instalação do artista visual Pedro Neves Marques (com curadoria de João Mourão e Luís Silva), foi ontem inaugurada. Intitulada Vampires in Space, é composta por filmes e poemas, e, segundo a página oficial da Direção-Geral das Artes, «recorre à figura e expectativas sobre o que é um ‘vampiro’ para abordar questões de identidade de género, sexualidade e reprodução queer, bem como formas de família não-nuclear». Pedro Neves Marques, como sublinhou o semanário Expresso, «é o primeiro [artista visual] não-binário» a representar Portugal em Veneza.
A escolha desta proposta ficou marcada pela polémica, mas por outro motivo. O processo de decisão da DGArtes foi acusado de estar ferido por irregularidades, depois de ter preterido o projeto A Ferida / The Wound da artista Grada Kilomba, que tinha como tema o racismo. A polémica foi objeto de um movimento de contestação e de notícias na imprensa nacional, com os partidários de Kilomba a visarem particularmente o curador Nuno Crespo.
A 59.ª edição da mais antiga das bienais (cujas origens remontam a finais do século XIX), toma como ponto de partida o livro The Milk of Dreams, da artista plástica e escritora surrealista Leonora Carrington (1917-2011), e o primado da imaginação. A Rússia cancelou a sua participação, enquanto a Ucrânia terá direito não só ao seu pavilhão como a uma praça nos Giardini, a ‘Piazza Ucraina’.
Com curadoria geral de Cecilia Alemani, uma das marcas desta edição é a fortíssima presença feminina.
Quanto à instalação Vampires in Space, propõe-se transformar «o segundo piso do Palazzo Franchetti, nas margens do Grande Canal de Veneza, através de um conjunto de filmes, poemas e cenografia, numa inesperada nave espacial habitada por vampiros».