Andamos cada vez mais na esperança de que seja a última caixa de máscaras que vamos comprar de cada vez que o stock acaba e passamos pelo supermercado para trazer o pack com o maior número disponível ao menor preço possível. Já passou o tempo em que as máscaras foram um dos brindes mais desejados, sobretudo se recordarmos que, há dois anos, pelo valor que custam atualmente 50 trazíamos apenas duas ou três da farmácia – cuidadosamente embrulhadas nos habituais saquinhos dos talheres distribuídos nas cantinas. Depois ainda havia o risco de não passarem no ‘teste do isqueiro’, um dos métodos mais virais – embora falso – que serviria para avaliar de forma rápida a fiabilidade das máscaras. E andava tudo num rodopio, a soprar a chama dos isqueiros, velas e fósforos para ver se a chama apagava – sinal de que a máscara não era fiável para desespero e angústia de tantos.
Também as velas ganharam ainda mais protagonismo no conjunto de novas regras nas festas de aniversário: num primeiro momento voltaram as serenatas, com parabéns cantados às janelas; seguiu-se depois o típico coro de interjeições no final da tradicional canção, de modo a impedir que o aniversariante se atirasse num sopro profundo antes de retirar as velas do bolo. E neste último caso havia sempre o elemento mais atento, que, ainda antes da chegada à salva de palmas, já estava a esbracejar numa sinalética clara que pretendia relembrar a importância da partilha.
Também a proposta inicial de conjugar padrões e cores das máscaras caiu rapidamente, muito por culpa dos preços, mas essencialmente da paciência. Claro que, chegados a esta fase, a máscara cirúrgica comum dá lugar a outras tantas histórias, como apanhar máscaras alheias por engano ou uma troca com o vizinho do lado durante uma refeição. E houve já quem só desse por ela quando chegou a casa com uma máscara na cara e outra a fazer de cotoveleira…