Os preços não param de subir e, para a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), não há dúvidas: as empresas estão a “sacrificar margens” para não subir os preços aos consumidores. A garantia foi dada pelo vice-presidente da confederação, Armindo Monteiro, na apresentação de mais um resultado do projeto Sinais Vitais, onde acrescentou que “apesar das encomendas e vendas estarem a registar um crescimento”, ainda “é preciso uma análise mais fina”.
O estudo mostra que apenas 17% das empresas não foram impactadas pela invasão russa e a maioria dos inquiridos (76%) citou o aumento dos custos como o impacto mais evidente dos últimos dois meses, enquanto 24% referiram dificuldades no acesso às matérias-primas.
O aumento dos preços é, aliás, um problema com que as empresas portuguesas têm vindo a lidar nos últimos tempos. Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma inflação de 5,3% em março e, com base neste valor, Armindo Monteiro garante que “há uma parte do aumento que não esta a ser repercutida” ao consumidor.
O responsável acrescentou que as empresas “estão a vender com menos margem”, apontando ainda os custos com matérias-primas como fator que contribui para esta situação.
“A CIP teme que as empresas apesar de estarem a vender mais estejam a ganhar muito menos e muitas vezes, porventura, a perder”, alertou.
Para o responsável é claro que as empresas portuguesas “estão claramente a sacrificar margens para segurar clientes e mercado”, e que este contexto “vai atingir a viabilidade de muitas empresas”. O que, apesar de não ser percetível neste momento, será quando as empresas tiverem que apresentar resultados.
Na apresentação do estudo, Armindo Monteiro disse ainda que “este aumento de vendas pode ser uma mera ilusão”, lembrando que o Governo pode mexer no IVA e ISP, fazendo “reduzir os custos de energia”.
E acrescenta que “o Estado parece estar a salvaguardar a sua própria receita no IVA e ISP e não está a ter em conta estes custos operacionais que as empresas estão a suportar”.
Falhas nas cadeias de fornecimento Ainda esta quarta-feira a Marsh Portugal alertou que o risco de falha na cadeia de fornecimento é o que mais preocupa as empresas nacionais, no que respeita aos riscos que podem enfrentar em 2022.
O estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2022”, mostra que 51% das empresas portuguesas considera que a falha de medidas de cibersegurança é o principal risco que o mundo poderá vir a enfrentar em 2022, ainda que imediatamente seguido pela pandemia/propagação rápida de doenças infeciosas com 48%.
Já os choques nos preços dos produtos (commodities) preocupam 47% das empresas, sendo o terceiro maior risco sentido, seguido da inflação, com 45%. Os eventos climáticos extremos mantêm-se no grupo dos principais riscos, este ano em quinto lugar, destacado por 40% das empresas. Em relação ao estudo de 2021, no top cinco das preocupações das empresas deixaram de estar os riscos de crises fiscais e financeiras em economias chave, elevado desemprego ou subemprego estrutural, sendo que ambos tiveram uma queda elevada para a 22.ª e 20.ª posição.
Em relação aos riscos que as empresas consideram que as vão afetar diretamente, o risco da falha na cadeia de fornecimento subiu do nono lugar (16%) para o primeiro com 58%, seguido dos ataques cibernéticos (53%) que figurou o topo da lista durante os últimos quatro anos. Já a instabilidade política ou social ocupa o terceiro lugar com 45%. A pandemia, que estava em segundo lugar, está agora em quarto (36%), seguido da retenção de talentos (34%).