Residentes ucranianos em Lugansk obrigados a aceitar passaporte do Governo separatista pró-russo

Se o rejeitarem, “as pessoas perderão qualquer meio de subsistência e serão aplicadas medidas repressivas”, revelam os serviços de informação do Ministério da Defesa ucraniano. 

Os ucranianos residentes na região de Lugansk estão a ser obrigados a aceitar um passaporte emitido pelo governo separatista pró-russo, revelou, esta sexta-feira, o Ministério da Defesa ucraniano. Caso não o aceitem, poderão sofrer represálias.

Lugansk e Donesk constituem a região ucraniana de Donbass – situada no leste na fronteira com a Rússia – e autoproclamaram-se unilateralmente como Repúblicas independentes em fevereiro, sendo reconhecidas por Moscovo dias antes da invasão da Ucrânia.

Nas últimas semanas, o exército russo tem focado as suas forças nas duas áreas, que estão parcialmente sob o seu controlo, ao receberem ainda ajuda de forças paramilitares e autoridades separatistas pró-russas da região.

"Na cidade ocupada de Sorokine [na região de Lugansk], começou o processo de emissão de passaportes [da República Popular de Lugansk] para cidadãos ucranianos deslocados de territórios recentemente ocupados", anunciaram os serviços de informação do Ministério da Defesa ucraniano na rede social Telegram.

"Os cidadãos são privados de moradia, propriedade e dinheiro. Portanto, são forçados a aceitar essas condições, porque esta é a única maneira de receber pagamentos em rublos, alimentação e assistência médica", denunciou a mesma fonte.

Os serviços de Inteligência ainda explicaram que os moradores são instruídos e "em caso de recusa em adquirir a cidadania da pseudo-República, as pessoas perderão qualquer meio de subsistência e serão aplicadas medidas repressivas" contra as mesmas.

Note-se que o Governo russo já obrigou moradores de outros lugares ocupados pelo o invasor após a entrada na Ucrânia a usar o rublo, tal como acontece na região de Kherson, que foi violentamente atingida por bombardeamentos, devido sobretudo à fronteira com Donbass.

De acordo com as autoridades ucranianas, o Kremlin também planeia convocar referendos ilegais nas regiões ocupadas para justificar a sua anexação à Rússia.