Artur acompanha os tratamentos da mulher em oncologia no Hospital Beatriz Ângelo, onde vai iniciar o último ciclo de quimioterapia: no Hospital de Dia tem corrido tudo bem, na urgência o cenário é de «caos», diz. «Vemos que é o que se passa noutros hospitais, mas aqui piorou com o fim da PPP. Na semana passada sentiu-se indisposta, foi trazida pelos bombeiros e mesmo sendo cá seguida em oncologia disseram-lhe que tinha 10 horas de espera», conta ao SOL à porta do hospital, onde estivemos esta sexta-feira. «Depois acabámos por conseguir ir ainda ao Hospital de Dia, onde foi logo atendida. Por vezes é uma questão de organização mas faltam enfermeiros e médicos e um dos grandes problemas é que há muita falta de retaguarda nesta zona. Se as pessoas não conseguem ir ao médico de família, vêm para o hospital». A mulher confirma: «Não vejo o meu médico de família há três anos, só passa exames». Sentem que a falta de profissionais e enfermeiros é um problema: «Não há pessoas suficientes. Um dia destes estava aqui também à espera da minha mulher, sentiu-se uma senhora mal aqui fora e parece que não havia ninguém para vir. Uma pessoa ter dificuldade em ter assistência à porta do hospital…»
Já Isabel vai ao hospital mensalmente desde agosto, depois de uma febra da carraça, e diz não sentir quaisquer mudanças desde que o Beatriz Ângelo deixou de ter gestão privada. «Venho à consulta externa, sou atendida. Estou satisfeita», sublinha. Ana, que acompanha a mãe Augusta, também considera a resposta boa e atenciosa. Mesmo com os últimos anos bastante duros no hospital – a sogra morreu no início da pandemia e o marido há seis meses – diz não ter razões de queixas. «Às vezes há problemas, mas também temos de nos mexer», diz. Notam no entanto a sobrecarga e já foram alertadas para possíveis atrasos no resultados de que a mãe, seguida em Oncologia, está à espera, mas ontem ainda estava dentro das três semanas previstas. «Estão muito sobrecarregados, critica quem não tem mais que fazer», diz Augusta, de 87 anos.