O Hospital Garcia de Orta, em Almada, adiantou esta segunda-feira, depois de o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) ter alertado que o ataque informático de que aquele estabelecimento foi alvo há duas semanas está a colocar em risco os cuidados de saúde dos utentes e a segurança dos clínicos, que nem os cuidados de saúde aos utentes, nem a segurança dos profissionais estão em risco.
O sindicato referiu que há uma série de atos que estão a ser realizados manualmente, potenciando assim o erro médico e limitando o acesso a informações anteriores.
Já o Hospital Garcia da Orta (HGO), através de um comunicado enviado à agência Lusa, afirma que "todas as áreas assistenciais (urgência, internamento, consulta, bloco, hospital de dia) já têm postos de trabalho para acesso ao Processo Clínico Eletrónico e prescrição eletrónica, permitindo desta forma, proceder e consultar os registos clínicos, embora com algumas limitações no acesso a aplicações departamentais (específicas de alguns serviços)".
O hospital escreve ainda que os sistemas de informação da instituição têm estado a ser repostos gradualmente, sendo que os registos clínicos se encontram assegurados informaticamente. A situação, garante o HGO, "tem sucedido de uma forma progressiva, em todo o hospital", à medida que são recuperados os mais de 2.000 postos de trabalho existentes.
Contudo, ainda não é possível "garantir o acesso generalizado à internet no hospital".
Para o sindicato, esta impossibilidade impede a realização de diários clínicos, assim como a parametrização de dados clínicos anteriores, a prescrição eletrónica de medicamentos, a obtenção de baixas médicas ou o pedido de exames de diagnóstico. Além disso, os mesmos tinham avançado que a resolução parcial da situação estava prevista para o verão e a resolução total para o outono, ou seja, daqui a, no mínimo, quatro meses.
Em contrapartida, o hospital assegura que, "atendendo à complexidade e vastidão do trabalho técnico que está a ser desenvolvido pelas equipas de informática, não é ainda possível estabelecer uma data para a reposição total da normalidade".
"O ciberataque que atingiu o HGO teve um impacto muito expressivo no hospital, pelo que a recuperação e reativação dos sistemas não é imediata, à semelhança do que se verificou suceder em inúmeras empresas, da área da saúde e outros setores", explica ainda a institutição.
O HGO informa que continua a colaborar com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, em articulação com o Ministério da Saúde, entidades reguladoras (Centro Nacional de Cibersegurança – CNCS) e Judiciais (Polícia Judiciária – PJ), de forma a conseguir ultrapassar a situação e repor a normalidade.