Apesar de o exército israelita admitir, num inquérito preliminar, que a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh possa ter sido morta pelas tropas de Israel, a divisão de investigação criminal da Polícia Militar daquele país não irá abrir nenhuma investigação interna sobre o assassinato da repórter, informa esta quinta-feira o jornal hebreu Haaret.
O ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina já reagiu, em comunicado, à notícia, exigindo a Israel que indique "qual a base legal", para a decisão, "ignorando dezenas de testemunhos, provas e os resultados da autópsia".
No relatório preliminar – apresentado no mesmo dia do funeral da jornalista, que se transformou numa manifestação em protestos contra Israel, dois dias após a sua morte – o exército israelita confessou que havia "duas possibilidades" quanto à origem da bala mortal que matou Shireen Abu Akleh: palestinianos armados "que dispararam centenas de balas a partir de vários pontos" ou um soldado israelita que estaria a responder ao ataque palestiniano.
Note-se que as autoridades israelitas detiveram uma das pessoas que carregou o caixão da jornalista, durante a cerimónia fúnebre.
Várias testemunhas – na sua maioria jornalistas – culpam os soldados israelitas pelo assassinato, assim como a rede televisiva Al Jazeera, para a qual a jornalista trabalhava.
O exército de Israel, porém, disponibilizou-se para uma investigação conjunta com a Autoridade Nacional da Palestina, para que a bala seja examinada. Mas a instituição palestiniana recusou-se a participar por não confiar na imparcialidade de Israel, comprometendo-se a pedir uma investigação "independente e transparente".
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