Irá registar-se, nos próximos 30 dias, uma subida da mortalidade devido ao novo coronavírus, apesar de o pico da sexta vaga poder já ter sido ultrapassado. Esta é a principal conclusão de um relatório do Instituto Superior Técnico (IST) sobre a pandemia, que recomenda o uso de máscara sempre que exista risco de contágio, indo ao encontro da informação que o i divulgou esta terça-feira.
Na mortalidade atribuída à covid-19 não se nota ainda um abrandamento, sendo que há três dias consecutivos que morrem diariamente no país mais de 30 pessoas, uma consequência do aumento das infeções nos mais idosos. Como o i avançou, morreram desde o início de maio 560 pessoas com covid-19, 11 vezes mais do que em maio de 2021. Em abril registaram-se 591 mortes, um balanço que deverá ser ultrapassado este mês.
“Os óbitos diários em média móvel a sete dias passaram de 20,3 para 30,3 desde 16 de maio, uma subida de 50% que se acentuará nos próximos dias. A recente subida de casos provavelmente contribuirá para a subida deste indicador nos próximos 30 dias”, lê-se na análise de risco elaborada pelo grupo de trabalho do IST que acompanha a evolução da pandemia em Portugal, à qual a Lusa teve acesso nesta terça-feira.
Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro compõem este grupo de trabalho coordenado pelo presidente do Técnico, Rogério Colaço, adiantando ainda que, com dados de 22 de maio, o Indicador de Avaliação da Pandemia (IAP) do IST e da Ordem dos Médicos estava nos 84 pontos, acima do “nível de alarme”, podendo chegar aos 90 pontos, tendo em conta as previsões de internamentos. O IAP combina a incidência, a transmissibilidade, a letalidade e a hospitalização em enfermaria e em cuidados intensivos, apresentando dois limiares: o nível de alarme, quando atinge os 80 pontos, e o nível crítico, quando alcança os 100 pontos.
Segundo os especialistas do IST, o índice de transmissibilidade (Rt) encontra-se nos 1,13 em Portugal, quando a 9 de maio era de 1,17. “Aconselhamos o reforço da monitorização e passar a mensagem de que o perigo pandémico ainda não terminou. Recomendamos a utilização de máscara sempre que o risco de contágio possa existir”, apontam os investigadores no documento, recomendando o uso deste equipamento de proteção individual em grandes eventos ao ar livre, em concertos e eventos em ambiente fechado e em contexto laboral, quando existe uma distância inferior a dois metros entre trabalhadores