Pelo menos 13 mulheres morreram desde o início do ano em contexto de violência doméstica, de acordo com os casos conhecidos, o último o de uma mulher morta a tiro pelo marido esta segunda-feira em Felgueiras. Os casos foram contabilizados pelo Jornal de Notícias, numa altura em que o último balanço oficial é ainda do primeiro trimestre. No relatório trimestral da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género eram contabilizadas, nos primeiros três meses do ano, nove vítimas mortais, oito mulheres e uma criança. No mesmo período do ano passado tinham morrido sete pessoas no contexto de violência doméstica: cinco mulheres e dois homens.
Este balanço aproxima-se, ainda a meio do ano, do total de 16 mulheres assassinadas registado em 2021, ano em que as vítimas baixaram. Apesar de todas as campanhas, a violência doméstica continua a ser um flagelo nacional, com 26 520 participações no ano passado, revelou o último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), divulgado no final de maio. São mais de 70 casos por dia, três por hora. Tratou-se, em 2021, de uma descida de 4% face ao ano anterior. Números que poderão vir a ser excedidos de novo este ano. Nos primeiros três meses do ano, foram registadas 6732 ocorrências à PSP e GNR, um número semelhante aos três meses anteriores (6730). Ainda assim, é um número superior ao do período homólogo de 2021, em que foram participadas 5550 agressões no primeiro trimestre.
A APAV mostrou-se preocupada com o aumento de participações e vítimas mortais. João Lázaro, presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, teme que se esteja a recuperar a tendência pré-pandemia. “É uma batalha sem fim que tem que ser renovada todos os dias”, defendeu ontem o responsável à TSF. M.F.R.