O advogado da família do trabalhador que morreu na A6, atropelado pelo automóvel onde seguia o ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, requereu a abertura de instrução do processo, de modo a que um juíz decida quem vai a julgamento.
À agência Lusa, José Joaquim Barros adiantou que "o Ministério Público (MP) entende que só o condutor é que deve ir a julgamento", sendo que o profissional entende "que pode ser assim ou pode não ser, mas tem que ser um juiz a pronunciar-se".
De acordo com o profissional, o requerimento para a abertura de instrução já foi apresentado, assim como o pedido de indemnização civil, que supera os 700 mil euros.
Recorde-se que no passado dia 11 de maio, através de um comunicado divulgado na página de internet do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, o MP adiantou que tinha sido proferido o despacho final de acusação na sequência da intervenção hierárquica.
Na mesma altura, uma fonte ligada ao processo confirmou à mesma agência o arquivamento em relação a Cabrita e ao seu chefe de segurança, Nuno Dias, tendo sido mantida apenas a acusação contra o motorista Marco Pontes, acusado de um crime de homicídio por negligência.
Já esta segunda-feira, o advogado afirmou que "as poucas diligências que a procuradora fez", após a intervenção hierárquica, "reforçam a ideia de que o ex-ministro e o seu chefe de segurança deveriam ser pronunciados".
Relativamente ao interrogatório feito ao chefe de segurança, o advogado considerou que essa diligência veio confirmar que "quem tem o domínio do facto, de forma imediata, é o ex-ministro Eduardo Cabrita", acrescentando ainda que, "mesmo com isto, a senhora procuradora mantém a opinião que tinha, ou seja, perfilha completa e inteiramente a tese de que o ex-ministro Eduardo Cabrita era um mero passageiro".
José Joaquim Barros disse, no entanto, que este "mero passageiro" teve poderes "para correr com a PSP" do seu carro e escolher o motorista, lembrando que, no requerimento para a abertura de instrução do processo agora apresentado, reforçou "o argumento de que o ex-ministro tem o domínio imediato do facto".
Recorde-se que a 18 de junho do ano passado, a viatura em que seguia Eduardo Cabrita atropelou mortalmente Nuno Santos, um trabalhador que fazia a manutenção da Autoestrada 6 (A6), ao quilómetro 77,6 da via, no sentido Estremoz-Évora.