por Simões Ilharco
Costa visitou sete países da Europa. Não há a menor dúvida de que está em campanha para o seu tão sonhado cargo europeu. Nada a obstar, não fora a circunstância de António Costa ter altas responsabilidades governativas em Portugal, o que torna o seu cargo de primeiro-ministro incompatível com o desígnio europeu.
O líder do PS está mais focado na sua campanha para a Europa, do que nos problemas do nosso país, o que é grave, diria mesmo gravíssimo. Penso que o Presidente Marcelo não deveria consentir esta situação, mas o actual PR tem andado com o primeiro-ministro ao colo, o que também é grave. Muitas vezes, não se sabe onde começa Costa e acaba Marcelo, tal a cumplicidade entre os dois.
A ida de Costa para a Europa, muito provavelmente já em 2024, parece-me certa. Passou um pouco despercebida a recente declaração de Augusto Santos Silva, presidente da AR, admitindo candidatar-se a Belém em 2026, o que exclui a candidatura presidencial do actual primeiro-ministro. Não indo para a Presidência da República, António Costa irá seguramente para a Europa.
Ao concretizar-se este cenário, com eleições em 2024, fica aberta a porta ao PSD, pois desta vez o ónus da crise recairá sobre o PS. Em Janeiro último, os grandes penalizados foram o Bloco de Esquerda e o PCP por terem cumbado o Orçamento. Mas, agora, com a 'fuga' de Costa, os socialistas deverão ser punidos eleitoralmente, tendo o PSD hipótese soberana de regressar à órbita do poder.
Montenegro poderá ter a vida mais facilitada do que se pensa. O essencial é que comece já a fazer a vida negra ao PS, o que condiz com o seu nome. Cavaco Silva já lhe traçou o caminho a seguir. De Montenegro só se espera oposição firme e contundente. Cabe ao novo líder do PSD demonstrar que a nossa direita não é 'fofinha'. Sobretudo, para que haja uma alternativa ao PS. A alternância é a regra de ouro da democracia.