O voo entre Lisboa e a cidade chinesa de Xi’an, operado pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, vai estar suspenso por um mês a partir de 27 de junho. O anúncio foi feito pela Administração de Aviação Civil da China, que implementa a política de restrições áreas do país no que toca à covid-19: todos os voos para a China estão sujeitos à regra do “circuit breaker” (corte de cadeias de transmissão): quando são detetados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas; caso haja dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. Quem chega à China tem ainda de cumprir uma quarentena de três semanas.
Os voos diretos para Xi’an tinham sido retomados a 11 de junho, depois de uma suspensão que durou seis meses e eram até aqui a única ligação direta retomada para a China. Não é de resto a primeira vez que a medida é aplicada. No início de junho, a China determinou medidas de interrupção de cadeias de transmissão para seis voos que faziam as ligações Varsóvia-Tianjin, Vancouver-Chengdu, Johannesburg-Shenzhen, Muscat-Guangzhou, Los Angeles-Xiamen e Los Angeles-Guangzhou.
Segundo o último balanço do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, Portugal mantinha-se na semana passada o país europeu com maior incidência de novos diagnósticos de covid-19, com mais de 2 mil casos por 100 mil habitantes a 14 dias, o indicador que continua a ser usado por este organismo. Seguem-se Luxemburgo (923,2 casos por 100 mil habitantes a 14 dias), Islândia (697,1), Alemanha (679), França (536) e Grécia (520,8). Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma mudança na situação epidemiológica, com a subvariante BA.5 da Omicron, mais transmissível, a tornar-se dominante, o que a par do levantamento das restrições e grandes eventos tem sido associado à dimensão atingida pela sexta vaga, não muito aquém do pico de infeções no inverno, sendo que a taxa de deteção é inferior à que existia no início do ano, pelo que o balanço da sexta vaga estará ainda mais subestimado. No Reino Unido, há agora alertas de que a sexta vaga de infeções está a desenrolar-se, com as subvariantes BA.4 e BA.5.
A comparação de números de casos entre os vários países torna-se agora mais difícil devido a diferentes regras e critérios de testagem e isolamento. Já a China mantém a estratégia de zero casos. O país de 1,4 mil milhões de habitantes regista, desde o início da pandemia, 256 mil diagnósticos e 5 226 mortes atribuídas à covid-19. Em Portugal registam-se desde o início da pandemia 23 924 mortes. A baixa exposição ao vírus acaba por ser uma faca de dois gumes. Um estudo recente da Universidade Fudan, de Shanghai, estima que o levantamento de restrições provocaria 1,6 milhões de mortes na China, com um pico de procura de cuidados intensivos 15 vezes superior à capacidade nacional.