VMER da Covilhã inoperacional quatro vezes esta semana. Sábado estará fora de serviço durante 24 horas

Centro Hospitalar fala de problemas pontuais, sem revelar taxa de indisponibilidade desta valência.

O Centro Hospitalar da Cova da Beira confirmou ontem a informação avançada pelo i de que as escalas da VMER do Hospital da Covilhã não estão asseguradas em pleno para os próximos dias. Depois de não ter respondido às questões colocadas pelo jornal na segunda-feira, o centro hospitalar emitiu uma nota indicando os períodos em que a VMER vai estar inoperacional esta semana. Os problemas nos turnos começam hoje e vão até, pelo menos, sábado. Hoje e amanhã, 22 e 23 de junho, a VMER não estará disponível no turno das 8 às 14h. Na sexta-feira, a VMER estará parada das 8h às 20h. No sábado a viatura não poderá ser acionada durante as 24 horas do dia.

Ao i, o presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, adiantou que a taxa de inoperacionalidade da VMER tem sido de 30% neste mês de junho, informação que o centro hospitalar, questionado mais uma vez pelo i, não revelou. “É preocupante porque estamos a falar de áreas onde as pessoas vivem muito dispersas, com vias de comunicação mais difíceis para chegar às diferentes povoações.”

No comunicado, a administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira, que integra o Hospital Pêro da Covilhã, fala de “constrangimentos pontuais nas escalas da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER)”, salientado que não está em causa a resposta do serviço de Emergência Médica à população da região, uma vez que quando a VMER fica inoperacional é acionada pelo CODU a VMER com maior proximidade geográfica.” Algo que os médicos ouvidos pelo i contestaram na segunda-feira, uma vez que a rede de VMER, atualmente com 44 viaturas, é definida em função da cobertura geográfica e quando um carro tem de responder a uma emergência numa área que não é a sua, deixa a região de origem a descoberto.

“Uma viatura de Viseu que se dirige para a Guarda faz falta no distrito de Viseu, onde existem 500 mil habitantes dependentes daquela viatura médica. Tem impacto nas zonas afetadas e nas que têm de colmatar essas falhas nas zonas limítrofes”, exemplificou ao i na segunda-feira Vítor Almeida, presidente do Colégio da Competência de Emergência Médica.

O Centro Hospitalar Cova da Beira salienta que o problema prende-se com a falta de médicos para assegurar as escalas, “sendo que as escalas são preenchidas pelos médicos com formação em Emergência Médica”, indicando que está a fazer esforços no sentido de fomentar a formação de mais profissionais.

A lei não está a ser cumprida sempre que um carro fica parado, já que determina a disponibilidade permanente do meio e que todos os meses seja enviada ao INEM pelos diretores de serviços de urgência dos hospitais com VMER uma lista com a tripulação e substitutos.

O despacho 5561/2014 determina que ao INEM compete a coordenar a atividade de gestão e operação conjunta dos meios e, no que diz respeito às equipas, assegurar a formação em emergência médica pré-hospitalar aos profissionais necessários e selecionados para garantir as respetivas tripulações. O INEM não respondeu até ontem às questões colocadas pelo i esta semana, tendo emitido ontem um esclarecimento em que dá conta da taxa de operacionalidade em maio de 2022, de 98,3%. Comparando com maio de 2021, mês em que a operacionalidade foi de 99,01%, mantém-se o agravamento da indisponibilidade dos primeiros meses do ano.

O INEM reforçou no entanto que desde 2011, “data de início da integração das VMER nos Serviços de Urgência, tem-se verificado uma evolução muito significativa na operacionalidade destes meios, com uma taxa de operacionalidade sempre acima dos 98% desde 2015, que compara com uma taxa de 93,1% em 2011, sendo os períodos de inoperacionalidade residuais e resultantes, normalmente, de impedimentos imprevistos.”

O instituto referiu ainda que metade das VMER registam 0% de inoperacionalidade por falta de tripulação, sem fornecer dados sobre o que se passa no interior do país, onde a inoperacionalidade é superior. “Nos últimos cinco anos, foram realizadas 65 ações de formação a nível nacional, tendo sido formados mais de 800 médicos e cerca de duas centenas de enfermeiros. Só em 2022, o INEM já realizou nove cursos VMER, tendo formado 105 médicos e 18 enfermeiros. Estão já calendarizados mais cinco cursos até ao final do ano”, disse ainda o organismo.

 

Três viaturas em vez de quatro

Confirmadas as previsões de indisponibilidades para esta semana nesta região, onde os problemas de indisponibilidade de VMER têm sido frequentes, verifica-se que esta quarta-feira a VMER da Covilhã estará indisponível para ser acionada de manhã e a VMER da Guarda, como o i já tinha noticiado, vai estar inoperacional à tarde, até às 20h.

São quatro as VMER nesta região interior do país, além destas as de Viseu e Castelo Branco, pelo que durante boa parte da semana a região só conta com três, o que volta a acontecer hoje e a partir das 00h de sábado e todo o dia, com distâncias maiores a percorrer no caso de acionamentos para fora da zona de influência.