O Presidente da República defendeu, esta quinta-feira, a necessidade de avaliar os casos de violência mais mediáticos e chocantes para retirar ilações que futuramente poderão ajudar a combater este tipo de situações, nomeadamente maus-tratos a crianças.
Esta declaração surgiu quando Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre o caso de Jéssica, a menina de três anos que acabou por morrer após uma série de agressões em Setúbal, esta segunda-feira.
O chefe de Estado recusou em falar sobre o caso de Jéssica, mas fez questão de deixar o seu comentário geral a este tipo de ocorrências que têm chocado o país.
“Não queria referir-me a casos concretos e dolorosos, muito dolorosos. É uma preocupação de todos os portugueses há muito tempo, o cuidado das crianças, a proteção, o acompanhamento daquelas que estão mais frágeis, mais dependentes, e, portanto, mais suscetíveis de serem exploradas”, apontou o Presidente da República.
Para Marcelo, a medida a tomar após o conhecimento destes casos “é que se pegue nos que surgem, os que são conhecidos e não sabemos se há muitos mais, e retiremos as lições quanto aquilo que por um lado deve haver de acompanhamento dos mais frágeis por instituições, por outro lado o que há de valores”.
“Muitas vezes falamos na miséria económica e financeira, depois há uma miséria moral e ela só por isso também merece uma reflexão”, assinalou o chefe do Estado.
A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, já veio a público comentar sobre o caso da menina de três anos e, na conferência de imprensa após Conselho de Ministros realizado hoje, afirmou que a situação é “algo que choca todos", defendendo que existem possíveis falhas no sistema de proteção de crianças que devem ser identificadas e corrigidas.
O crime foi perpetuado esta segunda-feira, quando o corpo da menina Jéssica deixou de conseguir resistir a uma série de maus-tratos cometidos nos últimos dias.
A criança de três anos foi raptada como forma de retaliação por parte de uma mulher, à qual a mãe de Jéssica estaria a dever dinheiro por alegadas "consultas de bruxaria".
Num comunicado divulgado esta manhã, a Polícia Judiciária indica que deteve um homem de 58 anos e duas mulheres, uma de 52 e outra de 27 anos, "por sobre eles recaírem fortes indícios da prática dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física grave, rapto e extorsão" na sequência da morte de Jéssica.
Apesar de a autoridade judiciária não revelar a identidade dos detidos, as informações obtidas pela comunicação social apontam para que sejam a mulher e suposta ama que terá raptado Jéssica, o marido e a filha.
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