Depois do devastador terramoto que fez mais de mil vítimas mortais no Afeganistão, o Governo liderado pelos Talibãs apelou à comunidade internacional para enviar ajudas e apoios para lidar com a destruição criada por esta catástrofe natural.
Numa altura em que o país já estava envolto numa crise económica e bélica, o grupo extremista apelou a que os países ocidentais levantassem as restrições impostas depois das forças armadas dos Estados Unidos terem abandonado o Afeganistão, que conduziu o grupo insurgente ao poder, uma vez que estas estão a dificultar a estratégia de recuperação.
Numa rara aparição pública, o líder supremo dos Talibãs, Haibatullah Akhundzadah, pediu à comunidade internacional e às organizações humanitárias “que ajudem o povo afegão afetado por esta grande tragédia e não poupe esforços”, cita o Guardian.
A complicar as operações de resgate está ainda o facto de o terramoto ter atingido áreas que já estavam a sofrer efeitos provocados por chuvas pesadas, deslize de terra e lama que levaram os cidadãos a ter de escavar e procurar entre destroços por sobreviventes.
“Não conseguimos chegar à área, as redes são muito fracas, estamos a tentar obter atualizações”, disse o porta-voz do principal comandante militar dos Talibãs, Mohammad Ismail Muawiyah, na província mais atingida de Paktika, citado pelo Al Jazeera, referindo-se a redes telefónicas.
Perante este cenário, o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, manifestou tristeza pelo “terramoto mortífero” que atingiu o leste do Afeganistão na quarta-feira, deixando mais de mil feridos.
“Fiquei triste ao saber da trágica perda de vidas causada pelo terramoto que atingiu o Afeganistão”, lamentou Guterres, num comunicado divulgado pelo gabinete do secretário-geral da ONU. “Centenas de pessoas foram mortas e feridas, e esse número trágico pode continuar a aumentar”, disse o português.
Guterres afirmou que a ONU está “totalmente mobilizada” e que as equipas no Afeganistão estão no terreno a avaliar “necessidades e a fornecer apoio inicial”.
“Transmito as minhas mais profundas condolências às famílias das vítimas e desejo uma rápida recuperação aos feridos”, acrescentou.
Diversos organismos, entre os quais a Organização Mundial da Saúde (OMS), começaram a enviar equipas de saúde móveis para as províncias de Paktika e Khost, numa altura em que a população está a necessitar igualmente de cuidados de emergência, ajuda alimentar e não-alimentar, e assistência em matéria de serviços de água, higiene e saneamento.
A União Europeia pediu esta quarta-feira “assistência internacional” para o Afeganistão assegurando que irá ajudar aqueles que mais precisam. “O terramoto ocorre num momento em que o país continua a enfrentar uma das piores crises humanitárias do mundo, com grandes necessidades humanitárias, deslocamentos e uma grave crise alimentar”, alertaram o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic.