Todos conhecemos aquele pai ou mãe, demasiado protetor, que não deixa o miúdo dar dois passos mais afoitos na bicicleta, cujos novos modelos de aprendizagem nem pedais têm. Ainda se esforçam para provocar a ilusão de que o filho vai sozinho até ao fundo da rua, embora sigam logo ali atrás com as mãozinhas estendidas, não vá o diabo tecê-las. Mas esta história é precisamente sobre o seu contrário. Há tropeções e trambolhões, os primeiros são normalmente fáceis de disfarçar; já os segundos podem ser categorizados entre o ‘levanta-te rápido, ninguém reparou’ até um ‘não caí, mas até a mim me doeu’. Foi a este último cenário que diria ter assistido com a queda de uma criança. E, provavelmente, nunca tinha presenciado uma reação tão calma e tranquila por parte de uns pais, certamente para não passar ainda mais medo ao filho já por si assustado. Se Joe Biden correu mundo com a queda que deu durante um passeio de bicicleta perto da sua casa de férias, no passado fim de semana, já este caso não teria razões nenhumas para ser notícia, mas serviria para alimentar vários memes nas redes sociais. Não foi num velocípede, apenas um movimento mal pensado e um resultado final difícil de encontrar até durante um serão do jogo Twister.
Isto tudo vem a propósito das reações à situação, com várias gargalhadas e descontração à mistura. E recordei-me de um dos textos/documentários mais brilhantes – Every Brilliant Thing – onde o autor/protagonista desenvolve uma lista de todas as coisas incríveis do mundo, pelas quais vale a pena viver.
Com mais de um milhão de razões enumeradas, das mais banais às profundas, um dos destaques pelos quais merecia a pena estar vivo era precisamente ver pessoas… a cair.
Claro que depende das situações; e se vier acompanhado de um aviso prévio a informar que ninguém saiu magoado, talvez haja motivo para risota. Mas, também com muita comédia à mistura, o que vale mesmo a pena é rever a peça protagonizada por Jonny Donahoe.