China quer implementar “perigosa” Inteligência Artificial para detetar crimes e protestos antes de acontecerem

Segundo o The New York Times, a tecnologia “aproveita-se da vasta quantidade de dados recolhidos sobre os hábitos dos seus 1,4 mil milhões de cidadãos e o uso de tecnologia de reconhecimento facial, em vigor no país há vários anos”.

O The New York Times denunciou na quinta-feira que, neste momento, a China encontra-se a estudar “o desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias em espaços públicos que permitem ao Estado prever a prática de crimes e a realização de protestos”.

De acordo com o jornal americano, a tecnologia “aproveita-se da vasta quantidade de dados recolhidos sobre os hábitos dos seus 1,4 mil milhões de cidadãos e o uso de tecnologia de reconhecimento facial, em vigor no país há vários anos”. Com essa ferramenta é possível ao Estado chinês, por exemplo, detectar “que três pessoas com antecedentes criminais estão a andar juntas num bairro em Pequim”. 

Além disso, de acordo com a mesma publicação, “permite acompanhar os movimentos dos ativistas que participaram em protestos ou pessoas que sofrem algum tipo de problema mental”. Ou seja, “no momento em que a inteligência artificial deteta um comportamento suspeito de um indivíduo ou algo que foge da sua rotina, pode notificar as autoridades para que investiguem a possível prática de um crime”.

Segundo o The New York Times, a China estuda há vários anos a implementação desta tecnologia, “que poderia servir especialmente para controlar não apenas potenciais criminosos mas também grupos vulneráveis, como imigrantes, minorias étnicas e pessoas que sofrem algum género de transtorno mental” “No entanto, foi sugerido que a IA estaria preparada para não monitorizar certas pessoas, especificamente funcionários do Estado”, adianta a mesma publicação.

O sistema está a ser desenvolvido pela startup chinesa Megvii. “Seria aterrorizante se realmente houvesse pessoas a olhar por trás das câmeras, mas há um sistema por trás disso”, afirmou Yin Qi, cientista de computação, aos media chineses. “É como o mecanismo de procura que usamos todos os dias para navegar na Internet: é muito neutro. Deve ser algo benevolente”, explicou. Além disso, o especialista ressaltou que, graças ao uso de tal sistema de vigilância, “os bandidos não teriam onde se esconder”.