por Simões Ilharco
Com o título acima referido, escrevi, já há algum tempo, um artigo sobre a personalidade de Luís Montenegro, novo líder do PSD. O branco em vez do negro pretende realçar a pureza e bondade dos seus ideais, colocando-o em posição privilegiada para tentar acabar com a hegemonia socialista.
Costa não é imbatível e muito menos eterno. Montenegro não pode olhar para a maioria absoluta do PS como um obstáculo difícil de remover. A provável 'fuga' de António Costa para a Europa, deixando o país num lamaçal, joga a seu favor, possibilitando a Montenegro um acesso ao poder mais cedo do que era expectável.
Uma vez no Governo – cito Durão Barroso, "serei primeiro-ministro, não sei é quando" – Montenegro ou talvez melhor Montebranco terá de ser um político moderado, social-democrata por excelência, para governar a contento de todos os portugueses. Não pode ser outro Passos Coelho nem repetir a austeridade deste.
Desejável seria que Montenegro se demarcasse mesmo de Passos Coelho. Cabe ao novo líder desfazer a ideia de que o PSD não é mais do que cortes brutais nos salários e pensões dos portugueses. Tenho para mim que a fraca votação em Rui Rio se explicou em grande parte por isso. Ouvi dizer, muitas vezes: o PSD a gente já sabe o que é. Será melhor votar no PS.
O congresso deste fim de semana será a consagração de Montenegro e a despedida de Rui Rio. O PSD foi sempre uma máquina trituradora de líderes, pelo que mais esta passagem de testemunho não surpreende ninguém nem os mais incautos. Uma notícia, que passou um pouco despercebida, dizia que Carlos Moedas não sabe onde estará em 2025, deixando o seu futuro político em aberto. Talvez uma candidatura de Moedas a Belém resolvesse o problema presidencial do PSD. Montenegro, esse, deverá ser o candidato a primeiro-ministro, seja qual for o resultado das europeias de 2024. E se Costa 'fugir', o que é o mais certo, até poderão ser em simultâneo com as legislativas. São as malhas que a nossa política tece.