por Simões Ilharco
Salvaguardadas as devidas proporções e distâncias no tempo, o Presidente Marcelo assemelha-se a um novo Américo Tomás, a quem chamavam o cortafitas. A sua complacência com os dislates do Governo tem sido enorme, não passando de mera figura decorativa, tal como Tomás era.
A situação é, no entanto, mais preocupante agora, porque por detrás de Américo Tomás havia Salazar, que, mal ou bem, sabia o que fazia, ao passo que António Costa, o par de Marcelo, não sabe o que faz.
A seguir à pandemia, tivemos o pandemónio. A frase não é minha, mas tem o seu quê de verdade. A subida galopante dos preços, com total inação do Governo para a combater; a grave crise na Saúde e a palhaçada do aeroporto, com o desaguizado entre Costa e Nuno Santos, passaram ao lado do Presidente, que se limitou a dizer, na polémica do aeroporto, que cabe ao primeiro-ministro escolher os seus colaboradores. É uma afirmação tão suave, que nem sequer é uma crítica, mas antes constatação.
O pandemónio que referi merecia, sem dúvida, forte e severa reprimenda do Presidente Marcelo ao Governo, não fora a circunstância de o primeiro ser outro cortafitas, sem peso nenhum na sociedade portuguesa.
Marcelo ficará na história como o Presidente que andou com o primeiro-ministro ao colo, sem personalidade, e incapaz de dizer não, quando isso se torna necessário. Como o Presidente que consentia tudo ao primeiro-ministro.Tal como Tomás em relação a Salazar.
Soares, Sampaio e Eanes foram três grandes Presidentes – os melhores que tivemos. Marcelo fica bastante aquém deles, mormente por causa do seu segundo mandato, que tem sido desastroso. Não creio que vá sair pela porta grande.