Segundo um novo estudo da Dartmouth College – universidade norte-americana da prestigiada Ivy League – os países mais ricos são “os que mais poluem” e “os dez maiores emissores de gases com efeito de estufa são responsáveis por mais de dois terços de todas as perdas económicas a nível mundial devido aos impactos do aquecimento global”.
“Apesar de todos os países emitirem gases com efeito de estufa, com maior ou menor intensidade, há uns que são mais responsáveis pelo aquecimento global e pela crise climática do que outros”, explica a investigação.
Publicada na revista científica ‘Climatic Change’, esta conclui que “os gases emitidos pelos cincos principais poluidores já causaram perdas de cerca de 6 biliões de euros em todo o mundo”. No entanto, os mais atingidos “são os países mais pobres e em regiões mais quentes”, localizados no chamado Sul Global.
De acordo com o estudo, no topo da lista dos maiores poluidores estão os EUA e a China, que “causaram perdas de 1,79 biliões de euros cada um, entre 1990 e 2014”. Além disso, no top 5 estão ainda a Rússia, a Índia e o Brasil que, “no mesmo período de tempo, causaram perdas económicas de perto de 498 mil milhões de euros cada um”.
Ou seja, no total, este conjunto de países foram responsáveis por uma quebra de cerca de 14% do Produto Interno Bruto mundial anual nesse espaço de 24 anos analisado pelos investigadores.
Justin Mankin, um dos autores da investigação, salienta ainda que “os gases com efeito de estufa emitidos por um país causam o aquecimento noutro, e esse aquecimento pode reduzir o crescimento económico”.
Além disso, o especialista sublinha que o estudo “apresenta estimativas que poderão servir de base para ações legais contra Estados ou instituições governamentais poluidores” ou para “ajudar a enquadrar negociações internacionais na área do clima e ambiente”.
Por outro lado, outro dos autores, Christopher Callahan, acredita que a investigação torna “possível e cientificamente credível a associações de um ator individual a um impacto individual tangível”. Callahan acrescenta ainda que o trabalho divulgado possibilita, “de uma forma que nenhum outro alguma vez permitiu”: “Criar uma base de fundamentação científica para dar força a casos de litigação climática e de responsabilização dos agentes poluentes”, rematou.