Perdemos a conta da quantidade de caras conhecidas do universo da sétima arte. São tantos aqueles que dão vida a personagens e nos fazem viajar através dos ecrãs que, muitas vezes, é natural que não conheçamos alguns dos atores de Hollywood. Às vezes o nome não nos soa desconhecido, mas não associamos a cara. Outras vezes, ao olharmos e reconhecermos o rosto não nos lembramos do nome.
No entanto, há aqueles que não esquecemos. Loira, alta, de olhos cor de mar, com uma boca rasgada e um sorriso fácil, Cameron Diaz, é um desses casos. E, numa altura em que aguardamos o seu regresso às telas – depois de oito anos afastada da representação – a atriz norte-americana tem feito revelações que nos têm relembrado o porquê de, para além de acompanhar o seu trabalho, muita gente a considera uma mulher honesta.
Um grande susto A artista, atualmente com 49 anos, deu recentemente uma entrevista ao podcast, Second Life, onde lembrou as dificuldades que enfrentou no início da sua carreira. Diaz começou por contar que a iniciou como modelo de catálogo, tendo tido bastante sucesso nos EUA. Mais tarde, quando conseguiu juntar algum dinheiro decidiu mudar-se para Paris, uma das capitais mundiais da moda.
“Comecei a trabalhar como modelo de catálogo e consegui dinheiro suficiente para me mudar para Paris e alugar um apartamento, que dividi com uma rapariga que ainda é uma das minhas melhores amigas”, explicou.
No entanto, na capital francesa, a aspirante a modelo não teve a mesma sorte do que no seu país. “Fiquei lá um ano inteiro e não trabalhei um único dia”, lamentou. “Depois consegui um emprego, mas, na verdade, acho que estava a ser usada como ‘mula’ (correio de droga), em Marrocos. Juro por Deus!”, revelou. Ou seja, a atriz referiu que se viu envolvida com “tráfico de droga no início dos anos 90”, mas, garantiu que “não sabia naquilo que estava envolvida”.
Ao relatar a forma como o processo era realizado, Diaz, detalhou que lhe foi pedido para “levar uma mala fechada na viagem”. “Estávamos no início dos anos 90 e deram-me essa mala que supostamente tinha as minhas ‘fardas’. Eu era uma miúda loira, de olhos azuis, em Marrocos”, contou, acrescentando que só se apercebeu de que tinha substâncias ilegais no seu interior quando chegou ao aeroporto africano.
“Ali estava eu, de jeans rasgadas e botas de plataforma. Era muito inseguro”. De acordo com a atriz, a mala acabaria por ser confiscada. “Não sei, isso não é meu, não sei de quem é!”, disse às autoridades na altura. Felizmente, Diaz conseguiu viajar de volta para França e escapar a uma potencial pena de prisão que poderia ir até dez anos. “Esse foi o único trabalho que consegui arranjar em Paris”, frisou, lembrando que pela falta de trabalho como modelo se viu obrigada a procurar outras alternativas profissionais.
De modelo a atriz Cameron Diaz nasceu em San Diego, em 1972. É de origem cubana do lado paterno, sendo que os seus avós imigraram de Cuba para os EUA e eram descendentes de espanhóis. Já do lado materno, é descendente de ingleses, alemães, holandeses e ainda índios.
Começou a trabalhar como modelo apenas aos 16 anos, na Agência Elite – maior rede de agências do mundo e líder no mercado de model management com 30 agências distribuídas pelos cinco continentes – que lhe permitiu, durante cinco anos, viajar por várias partes do mundo. Numa viagem ao Japão conheceu o diretor e produtor Carlo de La Torre, com quem passou a ter uma relação quando regressou aos EUA, que durou até 1995.
De acordo com o The Guardian, foi logo após o incidente em Marrocos que, de modelo, Diaz passou a atriz. Com 21 anos, a jovem foi escalada para A Máscara, aquela que seria a primeira de muitas produções de sucesso, protagonizada por Jim Carrey.
Inicialmente, segundo a mesma, “hesitou”, mas acabaria por ficar com o papel que lhe deu acesso a uma carreira em Hollywood, pelo menos até 2014, ano em que decidiu parar de representar. Contudo, é sabido que, aos 19 anos, Cameron já havia atuado num filme, diferente daqueles que se seguiram depois de A Máscara. Trata-se de um filme pornográfico softcore do tipo BDSM, em português “Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo”. Mesmo passados todos estes anos, o filme continua a ser bastante difundido na Internet, apesar dos esforços da artista que desde 2004, pede para retirá-lo de circulação.
Depois de estrelar na comédia de 1994, realizada por Chuck Russell, a artista começou a frequentar um curso de arte dramática e, nos três anos seguintes, acabou por participar em produções independentes, de baixo orçamento. O seu regresso a filmes de sucesso deu-se em 1997, na comédia romântica O Casamento do Meu Melhor Amigo, de P. J. Hogan e, um ano depois, no filme Doidos Por Mary, realizado por Bobby e Peter Farrelly.
A produção foi o terceiro filme de maior bilheteira de 1998 na América do Norte, bem como o quarto filme de maior bilheteira do ano em todo o mundo. Faturou 369 milhões de dólares em todo o mundo e está em vigésimo sétimo lugar na lista das melhores comédias americanas, segundo o American Film Institute – a lista dos 100 filmes mais engraçados do século XX. Cameron Diaz, passou então a ser não só uma das atrizes mais conhecidas, como das mais bem pagas. Em 1999, a participação no filme escrito por Charlie Kaufman e realizado por Spike Jonze, Quero ser John Malkovich, valeu-lhe uma nomeação para o Globo de Ouro de melhor atriz secundária.
Seguiram-se então, entre tantos outros: Um Domingo Qualquer, no mesmo ano, Vanilla Sky, em 2001, Na sua Pele, em 2005, O Amor não Tira Férias, no ano seguinte e Loucuras em Las Vegas, em 2009. Mais recentemente, a atriz protagonizou comédias como A Professora Baldas, em 2011, Sex Tape, em 2014 e ainda Não há duas sem Três, no mesmo ano.
Daquilo que o mundo não esperava, apesar desta ter sempre admitido “não gostar da fama”, é que esse seria também o ano em que a atriz se “reformaria”. Apareceu nos ecrãs grandes pela última vez em 2014, como uma das protagonistas na adaptação de Annie ao cinema. E, até agora, pouca coisa se sabia daquilo de que a atriz se ocupou durante todo este tempo.
A reforma e o regresso Segundo o El País, nessa altura, Diaz isolou-se no seu apartamento nas imediações do Central Park, em Nova Iorque, evitou qualquer contacto com os meios de comunicação e fez o impossível para não ser fotografada, começando a falar-se, nos EUA, do “síndrome de Greta Garbo” – nome da atriz considerada uma das maiores artistas da história, entre os anos 1920 e 1930, que evitava qualquer tipo de exposição e raramente aparecia em público – para fazer referência a celebridades que, por um motivo ou outro, decidem afastar-se das luzes da ribalta prematuramente.
A “reforma antecipada” de Cameron Diaz coincide com o início do seu namoro com Benji Madden, DJ e membro da banda de rock Good Charlotte. Casaram-se sete meses depois de se terem conhecido, em 2015, numa cerimónia “muito íntima” e estão juntos até hoje.
Além de autora de dois livros de saúde, The Body Book, de 2013 e The Longevity Book, de 2016, de acordo com o jornal britânico, Cameron Diaz lançou uma marca de vinhos, a Avaline, juntamente com a empresária de moda Katherine Power. São dois rótulos, um branco e um rosé, ambos orgânicos e veganos.
Mas quando tudo parecia apontar para o abandono definitivo dos grandes ecrãs, no mês passado, foi anunciado que Diaz retornaria à representação ao lado de Jamie Foxx, num filme da plataforma de streaming, Netflix, intitulado, Back in Action. Foxx partilhou as notícias do regresso da sua ex-colega no Twitter, a 29 de junho, revelando que a produção começará ainda este ano. O filme de ação e comédia será realizado por Seth Gordon.
Numa entrevista à CBS Mornings, na segunda-feira, a atriz explicou o porquê de ter abandonado a indústria durante oito anos. “Quando estás a fazer algo que conheces, fazes bem, sabes como funciona e isso já te consumiu a vida toda durante tanto tempo, é bom dar um passo atrás e dar uma olhadela no quadro geral. Pensar quais são as coisas que poderia fazer melhor, estar mais envolvida… O que é que me faria sentir mais completa! E eu fiz isso”, admitiu.
Nessa altura, revelou, “era a atriz mais bem paga com mais de 40 anos”. Agora, o seu regresso significa conciliar carreira e paternidade. A atriz tem uma filha de dois anos. “Temos todos 100% e temos sempre de descobrir uma forma de dividir esses 100% por todas as partes da vida que importam”, acredita sobre equilibrar o trabalho e a vida doméstica.