O departamento de justiça dos Estados Unidos está a tentar apertar o cerco em torno de Donald Trump no âmbito da investigação à invasão ao Capitólio, que ocorreu a 6 de janeiro de 2021, quando, alegadamente, o ex-Presidente terá incentivado um grupo de apoiantes a invadir o edifício para impedir a certificação da vitória do atual líder do país, Joe Biden, com investigadores a questionarem diretamente as testemunhas sobre o envolvimento do antigo apresentador de televisão.
Apesar de ainda não ter sido aberta uma investigação criminal diretamente ligada a Trump (nunca nenhum Presidente dos Estados Unidos foi indiciado por conduta criminosa), o departamento de justiça está a investigar o ataque de janeiro de 2021 e, segundo avançam vários meios de comunicação norte-americanos, os promotores estão a questionar testemunhas, perante um grande júri, sobre as conversas que tiveram com Trump e o seu círculo íntimo nos meses que antecederam o motim.
Entre os questionados estão diversos membros da antiga equipa do ex-vice-presidente Mike Pence, que foram interrogados sobre que instruções terão recebido de Trump, em relação a quaisquer tentativas de impedir que a vitória eleitoral do presidente Joe Biden fosse certificada pelo Congresso.
O líder deste departamento, Merrick Garland, afirmou que irá “perseguir a justiça sem medo ou qualquer tipo de favores”, acrescentando ainda que a investigação está a “agir com urgência para compreender tudo o que aconteceu sobre este período e levar à justiça todos os que são criminalmente responsáveis por interferir na transferência pacífica de poder, que é o elemento fundamental de nossa democracia”.
Esta investigação conduzida pelo departamento de justiça é diferente das audiências de alto nível realizadas pelo Congresso que ocorreram nas últimas semanas sobre a invasão, o que levou o ex-Presidente a caracterizar como uma “caça às bruxas política”.
Trump regressa a Washington Entretanto, o ex-presidente dos Estados Unidos reapareceu esta quarta-feira em Washington, pela primeira vez, desde que deixou o cargo em 2021 e aproveitou para criticar o seu sucessor por considerar que os EUA “foram postos de joelhos”.
“O nosso país foi posto de joelhos. Quem imaginaria? (…) Nunca tivemos nada parecido com o que está a acontecer agora”, disse Trump, perante o grupo de reflexão conservador America First Policy Institute.
Num discurso centrado na segurança e na necessidade de recuperar o controlo, e sem falar das suas intenções quanto às eleições presidenciais de 2024, manifestou-se confiante de que um novo mandato republicano inverteria a atual situação.
“Este novembro, as pessoas votarão [nas eleições intercalares] para impedir a destruição do nosso país e votarão para salvar o futuro da América. Estou aqui para começar a falar sobre o que devemos fazer para alcançar esse futuro quando ganharmos em 2022 e quando um presidente republicano recuperar a Casa Branca em 2024, o que acredito verdadeiramente que acontecerá”, afirmou.
Apesar de ainda não ter oficializado a sua decisão, diversos especialistas acreditam que Trump irá recandidatar-se à presidência nas eleições de 2024.
Questionado sobre se o anúncio da sua recandidatura faria o departamento de justiça trabalhar “mais rápido”, Garland explicou que “responsabilizaremos qualquer pessoa que tenha sido criminalmente responsável por tentar interferir na transferência legítima e legal de poder de um Governo para o outro”.