Apesar de o número de novos casos de hepatite C em contexto de diálise, nas prisões e entre os utilizadores de drogas injetáveis, ter diminuído nos últimos cinco anos, “como resultado de políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce desta doença”, como avançou, em comunicado a Direção-Geral da Saúde (DGS), a doença hepática – incluindo as comorbilidades consumo excessivo de álcool e fígado gordo – continua a ser uma das principais causas de mortalidade precoce em Portugal (<75 anos).
Por isso mesmo, no relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde, que é apresentado hoje, Dia Mundial das Hepatites, é realçado que, em 2024, a DGS espera, entre outros objetivos, “melhorar a literacia da população em relação ao tema ‘hepatites virais’, na perspetiva do enquadramento mais global das hepatites, designadamente como entidades oncogénicas, levando à mortalidade precoce, agravadas por estilos de vida menos saudáveis”.
O documento destaca a redução dos internamentos por cirrose associada a hepatite C e do número de casos de hepatite B e C entre os dadores de órgãos e de sangue. A título de exemplo, no ano passado, foram notificados 6 casos de hepatite B em dadores de sangue, face a 55 casos em 2012. A taxa de cura da hepatite C mantém-se acima de 95%, ultrapassando os 99% na população em reclusão.
Na tabela relativa à “Mortalidade por Doença Hepática e Vias Biliares 2017 – 2020”, é possível verificar que o óbito provocado por hepatites virais tem crescido, o por doenças crónicas do fígado e cirrose subiu e desceu de 2019 para 2020, aquele originado pela neoplasia maligna da vesícula biliar, de outras partes e de partes não específicas também terá reduzido há dois anos e o por neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas terá aumentado.
Relativamente aos números que são apresentados, importa ter em conta o surgimento da pandemia de covid-19, que atrasou o diagnóstico e consequente tratamento de muitas patologias. sendo este fator referido variadas vezes ao longo do relatório. “Da avaliação da evolução do número de tratamentos por ano, destaca-se uma redução superior a 40% no número de tratamentos iniciados nos anos 2020 e 2021, podendo refletir o impacto da pandemia COVID-19”, lê-se sobre a Hepatite C.
A apresentação do relatório decorrerá hoje, em sessão pública, na Sala de Exposições do edifício dos Paços do Concelho de Lisboa, entre as 10h e as 13h.