A saída precoce de campo, aos 71 minutos, do jogador do FC Porto Moussa Marega, alvo de insultos racistas na partida contra o Vitória de Guimarães, vindos das bancadas do Estádio D. Afonso Henriques, em fevereiro de 2020, foi incluído no manual de Filosofia do 10ºano.
Intitulado como "Ágora", o livro da disciplina de Filosofia, que tem como autores Susana Teles de Sousa, Isabel Pinto Ribeiro e Rui Areal, pega no caso Marega, para abordar o posicionamento ético levado a cabo pelo pivot de um telejornal enquanto relata os factos ocorridos.
O Vitória de Guimarães reagiu e exige a retirada da referência ao episódio, alegando que "pode criar um estigma injustificado".
"A condenação pública foi rápida (e televisionada ao som do vento…), a assunção de culpa foi traçada, um estigma generalizado foi criado", sublinha o clube, em comunicado, acrescentando que "quem tão depressa quis julgar e moldar a opinião pública, não foi tão célere a repor a verdade sobre os factos decididos pelos trâmites do sistema judicial português que, depois de colocados em marcha, resultaram no pedido de desculpas por parte de três espectadores que estavam nas bancadas do D. Afonso Henriques naquele jogo, assim como as absolvições, em todos os processos em que o Vitória Sport Clube era réu".
Recorde-se que no jogo em causa, pouco depois de Marega ter marcado o golo que deu a vitória aos portistas, alguns adeptos vimaranenses fizeram sons onde imitavam macacos e o jogador acabou por abandonar o relvado, revoltado com a situação.
Apesar de toda a polémica, o processo acabou por ser dado como encerrado após um pedido de desculpas público por parte dos três arguidos investigados pelo Ministério Público ao jogador. Os referidos adeptos ficaram impedidos de aceder a recintos desportivos durante o ano e foram obrigados a pagar 3 mil euros ao Estado.
O Conselho de Disciplina da FPF aplicou ao Vitória de Guimarães um castigo de três jogos de interdição do Estádio D. Afonso Henriques, mas o clube apresentou recurso da decisão, e esta foi revogada.
Num acórdão do Tribunal Central Administrativo do Sul, fica claro que Moussa Marega foi "efetivamente alvo de cânticos proferidos repetidamente e em uníssono", de teor racista, mas "a prova produzida não pode levar à conclusão de que o Vitória de Guimarães consentiu ou tolerou os cânticos racistas em causa".