por Simões Ilharco
Passar da maioria absoluta ao desastre nas urnas, em dois actos eleitorais seguidos, é uma cambalhota monumental, mas parece ser este, efectivamente, o destino do PS.
A sensação que se tem é que os socialistas serão fortemente penalizados nas próximas eleições legislativas que houver. O PS tem feito tudo mal. O combate à inflação é muito tímido, comparado, por exemplo, com o da vizinha Espanha e muitos outros países.
O grave episódio do aeroporto foi um enorme tiro no pé e o caos na Saúde afecta todos os portugueses, no que para eles é o mais essencial. Não acredito em milagres, mas, na verdade, só um milagre salvará o PS de uma derrocada eleitoral.
Se Costa for para a Europa, como tudo indica que sim, mais grave ainda do que a derrocada haverá um terramoto politico. É evidente que a 'fuga' de Costa fará recair o ónus da crise sobre o PS, com os graves custos eleitorais que daí advêm.
A "silly season", como a que atravessamos, não é propícia a grandes análises, mas uma coisa é certa: Montenegro tem o país na mão. Portugal chama pelo PSD, como ele disse. Terá de ser, no entanto, um Montenegro moderado, o tal Montebranco de que já falei. O mais social-democrata possível. De preferência, muito PPD e pouco PSD.
Não falta muito para nos livrarmos da dupla Costa-Marcelo. Não fizeram história. O primeiro nada fez. Foi para mim um primeiro-ministro fantasma. O segundo distinguiu-se nos beijinhos e nas selfies. Vão sair os dois pela porta pequena. Um Presidente da República e um primeiro-ministro devem ser muito mais do que Costa e Marcelo são.