Depois do drama do bloqueio que despertou o receio de fomes catastróficas, quatro navios ucranianos carregados de cereais partiram dos portos da Ucrânia rumo à Turquia, tendo atracado com sucesso.
A viagem, que permitiu o transporte de cerca de 170 mil toneladas de milho e outros cereais, foi tornada possível pelo acordo mediado pela Turquia e pela ONU, em que ficou acordado que todos os navios que deixarem a Ucrânia serão controlados por representantes turcos, ucranianos, russos e das Nações Unidas (uma aliança que ficou conhecida como Centro de Coordenação Conjunta, JCC) para se certificarem de que transportam apenas cereais, fertilizantes ou alimentos, e não quaisquer outras mercadorias.
O acordo celebrado no mês passado foi assinado após diversos alertas das Nações Unidas sobre possíveis surtos de fome em diversas partes do mundo devido à interrupção da exportação de cereais pela Ucrânia, que reduziram a oferta e elevaram os seus preços, explica o Al Jazeera.
A chegada do Polarnet, o primeiro dos navios a sair da Ucrânia e a chegar ao seu destino, foi assinalada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que considerou que o sucesso da travessia constitui uma “mensagem de esperança” para “todas as famílias do Médio Oriente, África e Ásia”.
“A Ucrânia não vos abandonará”, escreveu Kuleba no Twitter. “Se a Rússia se mantiver fiel às suas obrigações, o ‘corredor de cereais’ continuará a manter a segurança alimentar global”, acrescentou o chefe da diplomacia da Ucrânia.
Desde a assinatura do acordo, em 22 de julho, em Istambul, 10 navios deixaram a Ucrânia com mais de 305.000 toneladas de cereais, segundo dados citados pela agência de notícias turca Anadolu.
Além dos quatro navios que atracaram na Turquia, os restantes têm como destino portos de Itália, China, Irlanda, Inglaterra e Líbano, de acordo com a Anadolu.
O cargueiro Razoni, com bandeira da Serra Leoa, foi o primeiro a sair da Ucrânia, em 1 de agosto, mas ainda não chegou ao destino, no Líbano.
Amnistia lamenta “raiva” A Amnistia Internacional lamentou este domingo a “raiva” desencadeada por um relatório em que acusou as forças armadas ucranianas de colocarem civis em perigo – mas sem alterar as conclusões do documento.
“A Amnistia Internacional lamenta profundamente a consternação e a raiva que o nosso comunicado de imprensa sobre táticas de combate do Exército ucraniano provocou”, disse a ONG, citada pela agência France-Presse (AFP).
“Embora mantenhamos plenamente as nossas conclusões, lamentamos a dor”, acrescentou a organização, que assinala que a sua prioridade “neste conflito, como em qualquer outro, é assegurar que os civis sejam protegidos”.
A organização referiu que este era o seu “único objetivo” com a publicação deste “último relatório de investigação”.
O relatório, divulgado na quinta-feira, alertava para que as forças ucranianas, ao estabelecerem bases militares em zonas residenciais e lançarem ataques a partir de áreas habitadas, colocam em perigo a população civil.
A publicação do relatório levou à demissão da responsável da Amnistia Internacional na Ucrânia, Oksana Pokaltchouk.