Há algum tempo atrás, os governos de Espanha e de Portugal anunciaram a morigeração dos aumentos dos custos de energia e declararam as suas reservas à percentagem obrigatória nas poupanças do gás.
Natural, dir-se-ia.
Uma das consequências mais duras para o comum dos mortais está centrada nos preços dos combustíveis.
De modo diverso, acrescente-se.
Há quem recorra à energia nuclear. Não têm problemas.
Há quem altere as prioridades e se borrife no controle programado do aquecimento global e regresse ao carvão.
Há quem percebe que, existindo o vento e água, outras fontes de energia limpa também são possíveis sem aumento de custos.
Mas nós por cá somos um caso à parte.
Não gozamos do conforto de outros europeus convertidos à utilização do gás e poupamos na eletricidade. Morremos de frio.
Não temos a exigência pressionante de outros europeus nos domínios da energia para a indústria e atividade económica em geral.
Mas, por isso mesmo, somos muito sensíveis aos aumentos, mesmo que pequenos.
Ora, quando um responsável de uma empresa anuncia um aumento de 40% na eletricidade, o cidadão tem um choque.
Se assim é, um cidadão chamado Costa sente-se eletrocutado.
Daí a reação intempestiva, talvez populista se de outro quadrante viesse, de ameaçar de punição a empresa.
Ora, não é assim que hoje se governa. E os partidos lembraram-no, cada um à sua maneira.
E os portugueses temeram que a sua defesa tivesse ficado mais vulnerável.
Não sei, francamente não sei como tudo vai acabar. Mas tenho o maior dos medos.
Pressinto que acabaremos todos a dizer: não tem mal, eu pago.
Mas se eu olhar para o mundo e deixar de me concentrar no país, não fico mais sossegado.
Os Estados Unidos passaram por um período de grande confusão com a presidência Clinton.
Esperava-se que tudo acalmasse e a política externa fosse um ponto dominante de acerto e de equilíbrio.
Ajuda a o facto de o novo Presidente ser mais contido, mais idoso, mais experiente.
E, afinal, de um momento para o outro, rompe a Ucrânia com a agressão russa.
Uma afobação.
Uma reação rápida e mais ou menos pronta que tem custado mais vidas pelas demoras e incerteza nas operações.
Mas, sim, uma posição forte.
A proximidade entre a Rússia e a China, depois.
E, estranhamente, a tentativa de os afastar.
Para, um belo dia Biden declarar que os Estados Unidos defenderiam Taiwan.
E, alguns meses depois, a senhora Nancy Pelosi decidir visitar a ilha.
Um festival.
A China a ameaçar ações militares.
A China ofendida.
Quase no mesmo dia, uma operação secreta dos Estados Unidos elimina o líder da Al Qaeda.
Ou seja, os Estados Unidos desafiam os seus principais inimigos ao mesmo tempo.
Até o pobre do líder da Coreia do Norte se entende pronto para guerrear com eles.
O senhor Medvedev sonha com a URSS refeita e a sua loucura.
E o camarada Jerónimo excita-se..
O que eu sei é avaliar como o mundo está perigoso.
O que eu sei é interpretar os sinais da tempestade.
Não do aquecimento global, mas da guerra.
E pergunto-me se não seria melhor resolver um problema de cada vez.
Confesso-me, todavia, ignorante.
Afinal, as coisas que eu não sei…