Para evitar que a Ucrânia entre em colapso financeiro, os credores internacionais do país liderado por Volodymyr Zelensky aceitaram congelar as suas dívidas, no valor de cerca de 19 mil milhões de euros.
Entre este grupo de credores ocidentais estão os Estados Unidos, França, Alemanha, Japão e Reino Unido, que exortaram outros detentores de obrigações a fazer o mesmo.
“O congelamento da dívida de dois anos faz sentido porque, mesmo que a guerra termine em breve, a situação da Ucrânia não vai melhorar do dia para a noite”, disse à Reuters o economista-chefe da empresa de pesquisa Tellimer, Stuart Culverhouse.
Esta notícia foi avançada na quarta-feira à noite pelo primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, que explicou que a moratória de dois anos “permite à Ucrânia manter a estabilidade macrofinanceira e reforçar a sustentabilidade económica”, escreveu o político no Twitter.
O ministro das Finanças ucraniano, Serguei Martchenko, citado na publicação, congratulou-se com a decisão dos credores.
“Graças à solidariedade com a Ucrânia demonstrada pela comunidade de investimento privado e pelo setor público oficial, seremos capazes de satisfazer as necessidades do povo ucraniano”, disse Martchenko.
Numa altura em que as ofensivas russas não parecem dar sinais de abrandar, os credores internacionais, que representam aproximadamente 75% da dívida ucraniana, aprovaram o pedido feito por Kiev.
A economia da Ucrânia entrou em colapso desde o início da guerra, com o Banco Mundial a prever uma queda de 45% do PIB este ano. As reservas internacionais da Ucrânia caíram de 27 mil milhões de euros, em março, para cerca de 21 mil milhões no final de julho.
“Esta decisão irá melhorar o fluxo da moeda estrangeira para a Ucrânia, mas, por si só, é improvável que seja suficiente para estabilizar as reservas cambiais”, disse o estratega de mercados e gestor de carteiras de dívida de mercados emergentes da Vontobel Asset Management, Carlos de Sousa, à agência de notícias.
Os pagamentos diferidos de obrigações da Ucrânia poderão permitir poupar pelo menos 3.000 milhões de dólares (mais de 2.900 milhões de euros) em dois anos, de acordo com cálculos da agência financeira Bloomberg.
Face à situação financeira quase desesperada de Kiev, alguns países mostraram uma renovada onda de solidariedade e anunciaram novas ajudas financeiras. A Dinamarca irá aumentar a ajuda financeira a este país em 110 milhões de euros, informou a primeira-ministra Mette Frederiksen numa conferência internacional de doadores com a presença de vários ministros da Defesa europeus em Copenhaga.
“Esta é uma guerra contra os valores sobre os quais a Europa e o mundo livre são construídos… Hoje reafirmamos nosso compromisso de apoiar a Ucrânia”, disse Frederiksen.