Depois do Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ter prometido que iria reconhecer o Governo do seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, os dois países deram um importante passo em direção à normalização das relações diplomáticas, com a nomeação de embaixadores que se irão deslocar a Caracas e Bogotá e tentar restaurar as comunicações que foram cortadas há três anos.
Segundo a televisão estatal venezuelana VTV, Maduro anunciou, nesta quinta-feira, a nomeação de Félix Plasencia, como novo embaixador na Colômbia, e disse que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros «em breve estará em Bogotá». No mesmo dia, Gustavo Petro anunciou a nomeação do ex-senador Armando Benedetti como representante colombiano em Caracas.
«Decidi, em resposta ao Governo venezuelano, que nomeou um embaixador que terá a responsabilidade de normalizar as relações diplomáticas entre os dois países, designar Armando Benedetti como embaixador da Colômbia na Venezuela », disse Petro à imprensa.
Petro destacou que Benedetti tem uma «árdua tarefa», para que «os dois povos irmãos possam proteger os seus direitos, garantir as suas liberdades e garantir que entre a Colômbia e a Venezuela se possa criar riqueza para ambos os povos».
Nas redes sociais, Benedetti prometeu que o comércio bilateral irá chegar a 9,7 mil milhões de euros, «beneficiando os mais de oito milhões de colombianos que vivem na fronteira».
Num encontro com empresários da indústria, Nicolás Maduro disse que nomeou uma equipa, liderada pela vice-presidente executiva, Delcy Rodríguez, para trabalhar num «plano muito sério» para a reabertura «programada» e «progressiva» da fronteira com a Colômbia.
«Continuaremos passo a passo e a um ritmo seguro a avançar na restauração e reconstrução das relações políticas, diplomáticas e comerciais», disse Maduro na televisão estatal.
A fronteira de mais de dois mil quilómetros que separa os dois países está totalmente fechada a veículos desde 2015 e reabriu, apenas para pedestres, no final do ano passado.
Caracas cortou relações diplomáticas com Bogotá em 2019, quando o então Presidente colombiano, Ivan Duque, aliado dos Estados Unidos, não reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro e apoiou a proclamação do líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino.
A relação de Gustavo Petro e Nicolás Maduro parece estar a seguir caminhos mais amistosos e, segundo a imprensa internacional, já falaram por telefone. Era suposto o líder venezuelano ter comparecido na posse do Governo de Petro, mas foi impossibilitado uma vez que Ivan Duque proibiu Maduro de entrar na Colômbia.
Contudo, apesar da aparente boa relação entre os líderes políticos, a presença de guerrilheiros, paramilitares e traficantes de droga na área de fronteira, que milhões de venezuelanos atravessaram para fugir da crise, continua a ser um assunto delicado.
Maduro assegurou que o restabelecimento de relações políticas, diplomáticas e comerciais entre os dois países será de benefício mútuo e que representará uma «abertura ao comércio, investimento, movimento monetário».
Na terça-feira, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, anunciou o restabelecimento, «imediato», das relações militares com a Colômbia, suspensas desde 2019.