Numa fase crítica da invasão russa na Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelensky reuniu-se, nesta quinta-feira, com o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em Lviv, para discutir, entre outros assuntos, as exportações de grão, os combates perto da central nuclear de Zaporizhzhia e uma solução diplomática para a guerra.
Fontes internacionais esperam que o Presidente turco se ofereça para mediar uma solução pacífica entre Rússia e Ucrânia.
“[Erdogan] tentou fazer com que a Ucrânia e a Rússia se sentassem à mesa de negociações antes que essas negociações fracassassem”, disse a correspondente do Al Jazeera Teresa Bo. “Muitos esperam que esta possa ser uma saída e uma possibilidade de paz”.
O secretário-geral da ONU revelou que começam a surgir os primeiros sinais da estabilização dos mercados globais de alimentos.
“Desde a invasão russa da Ucrânia, tenho sido claro: não há solução para a crise alimentar global sem garantir acesso global total aos produtos alimentícios da Ucrânia e alimentos e fertilizantes russos. Quero expressar a minha gratidão a todas as partes pelo apoio” na implementação do acordo de exportação de cereais via Mar Negro, disse Guterres numa conferência de imprensa em Lviv, salientando ainda que pretende alcançar a desmilitarização da central nuclear de Zaporizhzhia.
“É urgentemente necessário um acordo para restabelecer Zaporizhzhia como infraestrutura puramente civil e para garantir a segurança da área. (…) Não devemos poupar esforços para garantir que as instalações ou arredores da central não sejam alvo de operações militares. Equipamentos e pessoal militar devem ser retirados da central”, reforçou.
Depois desta paragem, o chefe das Nações Unidas viajará até Odessa, cujo porto está a ser utilizado para a exportação de cereais ucranianos através do acordo impulsionado pela própria ONU e pela Turquia, e, mais tarde, para Istambul, para visitar o Centro de Coordenação Conjunta que fiscaliza o cumprimento desse pacto, explicou Stéphane Dujarric.
Protestos Durante esta reunião, dezenas de familiares de ucranianos presos na Rússia realizaram um protesto em Lviv, erguendo faixas com pedidos de ajuda e denúncias sobre a falta de ação das organizações internacionais.
“Por que eles não estão a atuar? Por que não estão a fazer nada? Esse é o objetivo destas organizações, é a tarefa deles, é por isso que elas existem”, disse a noiva de um soldado preso, Anastasia Zanos, citada pelos meios de comunicação do médio oriente.
Muitos dos presos renderam-se às forças russas em maio, encerrando a defesa da pulverizada siderúrgica Azovstal em Mariupol.
Ainda durante a passagem de Guterres e Erdogan por Lviv, a Rússia lançou um alerta para o risco de um desastre nuclear causado pelo homem na central nuclear de Zaporizhzhia e acusou a Ucrânia de planear uma “provocação” devido à presença do secretário-geral das Nações Unidas.
Este aviso deixou as autoridades ucranianas em alerta por causa de possíveis ataques russos, afirmou o porta-voz dos serviços de informação militar, Andriy Yusov, que, no passado, invocou “provocações, bombardeamentos de artilharia e ataques aéreos” russos durante outras visitas de líderes à Ucrânia, bem como a anterior passagem de Guterres por Kiev.
Recorde-se que António Guterres já esteve na Ucrânia no passado mês de abril, no âmbito de uma viagem em que passou também pela Turquia e Rússia, e na qual abordou a evacuação da fábrica sitiada de Azovstal em Mariupol, onde estavam sitiados militares ucranianos, o que acabou por se concretizar poucos dias depois, com o apoio das Nações Unidas.