A história foi contada pelo Nascer do SOL e confirmou-se: D. Manuel Clemente foi ao Vaticano apresentar a sua renúncia ao cargo e o Papa Francisco, além de não ter aceite a demissão, pediu ao cardeal Patriarca de Lisboa que se mantivesse no cargo pelo menos até às Jornadas Mundiais da Juventude, que se realizam no próximo ano em agosto e onde serão esperados perto de um milhão e quinhentos mil jovens.
Cansado e amargurado com o caso de suposto silenciamento de abusos sexuais de um padre – «sente-se como leite estragado de um pacote que todos beberam», conta um padre ao Nascer do SOL –, além de estar doente, D. Manuel Clemente terá aceite o pedido do representante máximo da Igreja. E, para isso, contará com Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, que estará à frente das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ).
«D. Américo Aguiar é um homem da confiança do Papa e já foi ao Vaticano dar conta do andamento das obras das JMJ. Também se dá bem com o cardeal Tolentino Mendonça e é o principal nome para a sucessão de D. Manuel Clemente», diz ao Nascer do SOL fonte conhecedora do processo. «É certo que também tem anticorpos na Igreja, por defender a abertura à sociedade e por ser contra os tradicionalistas da liturgia das rendas [leia-se padres tradicionais que adoram as rendas em cima das vestes], mas ele é um fazedor e é incansável», acrescenta a mesma fonte.
Que é um fazedor, disso não há dúvidas. Além de presidente da Fundação JMJ, é ainda diretor do Departamento da Comunicação do Patriarcado de Lisboa, diretor do Jornal Diocesano Voz da Verdade, além de presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia. Para um bispo com 48 anos é obra. E isso incomoda muita gente.
Mas também há quem lamente que D. Américo Aguiar não tenha tido nenhuma intervenção pública em defesa de D. Manuel Clemente. «Se tudo correr como o previsto, será o novo cardeal patriarca de Lisboa até pela proximidade das suas ideias às do Papa», conclui a mesma fonte.
Curiosamente, D. Américo Aguiar poderá ter influência na continuação de Magina da Silva à frente da PSP, sendo que a sua comissão de serviço termina em finais de janeiro do próximo ano. Ambos são do Norte e têm trabalhado em conjunto nas JMJ. «Não faz muito sentido estar a mudar o diretor-nacional da Polícia em vésperas de um acontecimento com a envergadura das Jornadas. E eles são parecidos, pois são ambos empreendedores. Gostam de fazer acontecer», explica fonte próxima do bispo auxiliar de Lisboa.
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