Esta semana, para desanuviar das notícias de incêndios e da guerra na Ucrânia, li algumas histórias que me deixaram perplexo. A primeira estava no El País e dava conta de como a geração Z, rapaziada nascida nos anos 90 e 2000, está chocada com Elvis Presley devido à sua apropriação cultural.
Dizem esses tontos que os «ritmos e os passos de dança são uma apropriação cultural dos afroamericanos» e que isso deve ser denunciado. Não sei se pretendem fazer uma fogueira com os discos e os filmes do rei do rock, e assim castigar esse malandro que se inspirou na cultura afroamericana.
Estes palermas, que não têm outro nome, são autênticos aprendizes de ditadores que querem rescrever a história de acordo coma sua cultura woke, outra parvoíce tão em voga.
Confesso que já me canso de escrever sobre esta rapaziada, mas se nos calarmos eles vão crescer ainda mais. É preciso denunciar esta cultura ditatorial de uns tontos que nos querem obrigar a pedir desculpa por existirmos.
Como se todos tivéssemos culpas pela escravatura e as desigualdades sociais. Ainda não percebi por que só falam nos últimos 200 anos – claro que alguns se referem ao princípio das Descobertas – e não se dedicam a fazer manifestações contra os egípcios que escravizaram tantos milhões, ou contra o mercado de escravos que existia em África antes da chegada do homem branco, ou que não se insurjam contra os muçulmanos e romanos que andaram por aqui, entre tantos outros.
Elvis Presley deve dar voltas no túmulo com mais esta atoarda contra o legado que deixou. Ah! Segundo o diário espanhol, o que os incomoda também é Chuck Berry nunca ter tido o título de rei, ele que foi o maior, segundo esses críticos. Diverti-me imenso a ouvir as músicas de um e de outro, e até achava mais engraçado a do Chuck Berry, apesar de não serem propriamente o género musical que mais gosto.
De Elvis para o Chile e sem amor. Numa altura em que as liberdades individuais estão cada vez mais em causa, o Governo chileno aprovou uma medida que obriga os deputados a darem um cabelo para fazerem testes de despistagem de cocaína. É através do cabelo que se tem um retrato completo do que consome cada um, seja medicamentos ou drogas ilegais.
Pretendem os autores da medida que cada deputado que acuse cocaína no organismo seja obrigado a revelar as suas contas bancárias, para se saber se receberam algum suborno de narcotraficantes. Os mentores da medida não devem ter visto de certeza o filme Scarface, em que um dos maiores traficantes explicava a Tony Montana que se queria estar no negócio não podia tocar com o nariz na coca. Coisa que ele não fez e acabou como se sabe: morto.
Mas o que está verdadeiramente em causa é o fim da liberdade de cada um. Qualquer dia, estes ditadores vão fazer o mesmo com o que comemos e bebemos. ‘Ai bebeu uma garrafa de whisky ao fim de semana? Já para a prisão ou para uma clínica de recuperação’.
As liberdades individuais, repito, estão cada vez mais em causa. É o vestuário que pode ser uma apropriação cultural de algum povo, é o corte de cabelo, é a tradução de um livro de um negro por um branco, etc, etc. São as músicas que se tocam, os livros e filmes ou os quadros que têm de ser queimados porque os seus autores cometem algum pecado, etc.
Curiosamente, ainda esta semana li uma entrevista de uma atriz das antigas que dizia que qualquer dia vai perder-se o olhar para as outras pessoas, porque é ofensivo, uma conversa de circunstância porque pode ser assédio sexual e por aí fora. Levantemo-nos pois contra estes cretinos.