O fogo que deflagrou durante a madrugada do dia 6 de agosto, em Garrocho, na Covilhã, queimou mais de 15 mil hectares, até ser dominado nas últimas horas do dia 12. Nessa altura, já se encontrava ativo um outro fogo, também no Parque Natural da Serra da Estrela, mas no concelho da Guarda, no qual arderam quase mil hectares.
A 15 de agosto, três reativações na zona da Covilhã obrigaram a um novo combate às chamas. O incêndio foi dominado dois dias depois, mas aí arderam mais 10 mil hectares de mato e floresta. Na quinta-feira, dia 18, um novo incêndio, na zona de Gouveia, queimou mais 500 hectares. Ao todo, arderam mais de 26 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, uma área superior à soma dos concelhos de Lisboa, Porto, Amadora, Odivelas e Oeiras.
Esta segunda-feira, o Governo anunciou que vai decretar o estado de calamidade para responder às necessidades do território da área ardida da Serra da Estrela. No final de uma reunião conjunta com autarcas de seis municípios abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela (Manteigas, Celorico da Beira, Covilhã, Guarda, Gouveia e Seia) e ainda de Belmonte, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, adiantou que numa primeira fase os apoios destinar-se-ão à alimentação animal, assim como à recuperação e retirada de madeira queimada que coloque perigo iminente, bem como ao apoio social.
Segue-se o levantamento, nos próximos 15 dias, de “todos os danos e prejuízos” do incêndio que lavrou durante 11 dias e que foi dado como extinto a 17 de agosto. “A partir daí o Governo aprovará este conjunto de medidas ao abrigo do estado de calamidade, para podermos responder o melhor e o mais urgentemente possível a estes territórios”, assumiu a governante, perante os autarcas da região que vinham a exigir a declaração de situação de calamidade.
Numa terceira fase, será adoptado um “plano de revitalização” do Parque Natural da Serra da Estrela no sentido de “diversificar as actividades económicas”, de “apostar no turismo e no turismo de natureza”, e deixar o parque “melhor do que estava”.
Um milhão de euros para bombeiros À saída de uma reunião na sede dos Bombeiros Voluntários de Manteigas, distrito da Guarda, e na qual marcaram presença mais sete corporações da região da serra da Estrela, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, adiantou ainda que o Governo vai “antecipar o pagamento” de um milhão de euros a oito corporações de bombeiros para que possam pagar despesas imprevistas que tiveram com o incêndio na Serra da Estrela, nomeadamente com alimentação e com despesas relativas aos combustíveis.
“Tomámos a decisão de antecipar os pagamentos às corporações de bombeiros, às associações humanitárias, tendo em vista garantir que têm liquidez para pagar despesas que tiveram que realizar”, anunciou.
De acordo com o governante, as verbas serão disponibilizadas “o mais breve possível”, assim que chegarem as estimativas das corporações. “Fazendo chegar essas necessidades à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), esses pagamentos serão realizados muito rapidamente”, prometeu.
Ourém pede estado de calamidade Em Ourém, onde o fogo não dá tréguas desde sexta-feira, o autarca Luís Albuquerque também disse esperar que seja decretado o estado de calamidade naquele concelho do distrito de Santarém, à semelhança do que foi avançado pelo Governo em relação à Serra da Estrela. Os incêndios deste verão já destruíram seis mil hectares no concelho, que é 70% constituído por floresta.