Diz o líder do principal partido da oposição ser necessário que este governo seja muito escrutinado.
Muito curiosamente, até apoiantes deste último se dão conta disso quando admitem que se a ‘geringonça’ continuasse algumas coisas não tinham acontecido.
O quê, por exemplo?
Esta nomeação, feita pelo ministro das Finanças, de um coordenador para o seguimento das políticas públicas, com a capacidade para as desenhar e acompanhar.
A atribuição que lhe é feita de um ordenado de ministro.
A dúvida sobre a troca de favores.
Não parece atenta esta consideração.
Este Governo de maioria absoluta e o anterior de maioria relativa não se comportaram de forma diversa.
Sempre tentaram passar por cima ou a lado.
O negociador nomeado cuja qualidade se confunde com a amizade do Primeiro ou a ultrapassagem do método seguido pela União Europeia para a nomeação de um procurador.
Não foram sensíveis à censura feita os acompanhantes do poder.
Não me lembro, também, que tenham apreciado negativamente a continuação como comentador do antigo presidente da Câmara e agora ministro.
Não me recordo que alguma vez tenham estranhado a contratação por pouco tempo e muito dinheiro do empregador do Presidente.
Ora, se assim foi nesse tempo, porque deveria ser diferente agora?
Seria incongruente.
Moral da história: as boas almas continuam almas boas.
Portanto, alguém tem de fazer alguma coisa.
Li, com muita atenção, uma entrevista do inefável Dr. Bilhim.
É curto e grosso em relação à decisão do Ministro das Finanças.
Aproveita, todavia, para situar a desconformidade numa possível ofensa aos executantes das políticas públicas, ao exagero, à incompetência em razão da matéria.
Ora, o Dr. Bilhim, foi escolhido pelo governo de Passos Coelho para presidir à CRESAP, na tentativa de ultrapassar o problema das escolhas com base na filiação partidária e conseguir a escolha isenta e técnica.
Sabe ele como o sistema foi destruído e como uma boa ideia se transformou numa caricatura.
Já o era quando presidia.
Hoje é mais claro.
Era um presidente socialista nomeado por um governo social-democrata.
Confessa, agora, o seu desgosto.
E esclarece que a designação em regime de substituição de dirigentes, sem concurso, apenas conseguia fazer ganhar currículum para depois poderem concorrer e ganhar.
Diz que foi um esquema, praticado quando o PS foi governo (em minoria) e toda a gente sabe que continua a ser praticado em maioria.
Portanto, o Dr. Montenegro tem razão.
Não é só o caso da recente nomeação denunciada.
É um vício adquirido.
E, das duas uma, ou o país toma conhecimento disto, ganha relevo a condenação do comportamento, se percebe que o nepotismo é uma constante e o Estado e o partido se confundem, ou qualquer troca de favores entre empregadores alternativos é apenas um tique.
Com especial gravidade quando estão em causa governos e meios de comunicação social e consequências num e noutro dos campos.
Deve o primeiro-ministro intervir ou passa-lhe ao lado?
Pode ele dizer que não interfere nas nomeações de outros?
Não.
Trata-se de uma questão essencial à democracia.
É um incêndio. Um fogo posto