Depois de o i ter noticiado que vários jovens foram diagnosticados com gripe A ou infeções pulmonares depois de terem ido ao festival Vodafone Paredes de Coura, que teve lugar entre os dias 16 e 20 de agosto, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) esclareceu que não tem conhecimento da existência de um surto.
“Na sequência de rumores da ocorrência de um surto de infeção respiratória aguda, eventualmente associado ao Festival Paredes de Coura, informa-se que, até à data, as Autoridades de Saúde Regional e Local não rececionaram qualquer alerta, quer por via formal ou informal, nomeadamente, a correspondente notificação na plataforma informática de suporte ao SINAVE”, elucidou, numa resposta enviada ao i. “Mais se informa que as Autoridades de Saúde, no âmbito das suas competências, encontram-se, desde data prévia à realização do festival, a acompanhar este evento para, nomeadamente, promover a prevenção da ocorrência de surtos e/ou a sua deteção, para a devida investigação e intervenção em Saúde Pública”, constatou, recordando que “os festivaleiros têm proveniência de diferentes zonas do país, pelo que as Autoridades de Saúde Regional e Local mantêm-se alerta”.
O i falou com João Pedro e Eva Sousa, de 25 e 24 anos, respetivamente, que foram diagnosticados com gripe A, e com Diogo, de 20, e Mariana, de 24, que padecem de infeções pulmonares, tendo explicado os jovens os sintomas que tiveram – como tosse seca e dores nos pulmões -, assim como relatado que sabem que muitos outros festivaleiros se encontram na mesma situação que eles.
“Tem havido gripe A há muitos anos. Não percebo esta súbita preocupação, mas é essencial esclarecermos isto”, afirmou o epidemiologista Ricardo Mexia. “O isolamento de cinco dias é uma boa recomendação. Mas, formalmente, os delegados de saúde é que determinam o isolamento. O diagnóstico, seja da gripe A ou da covid, é laboratorial, não nos esqueçamos disto”, defendeu. No site oficial do SNS24, podemos ler que “a distinção entre gripe A (influenza A) ou gripe B (influenza B) só é possível através de exames laboratoriais, nomeadamente através de teste com zaragatoa nasofaríngea, semelhante à colhida para o teste covid-19”.
“As pessoas têm manifestações clínicas e isso é o síndrome gripal, mas tem de haver um exame. Normalmente, esse diagnóstico era apenas feito nos casos mais graves, que necessitavam de internamento e/ou outros cuidados mais específicos. É evidente que, num contexto de maior concentração de pessoas, há maior risco de transmissão”, reconheceu o médico de Saúde Pública e epidemiologista que integra atualmente o Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.