O ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se, esta terça-feira, a favor de proibir a entrada de cidadãos russos na União Europeia (UE) devido ao atual contexto da invasão da Ucrânia provocada pelas forças russas. No entanto, defendeu que a proibição não deve ser total.
"Há diferentes ideias que estão em cima da mesa, nomeadamente um documento preparado pela presidência checa e um outro documento preparado em conjunto pela França e Alemanha, que expõem diferentes ideias sobre o nosso relacionamento com a Rússia", começou por dizer João Gomes Cravinho no momento da chegada à reunião informal de chefes de diplomacia da UE, hoje em Praga, na República Checa.
Até amanhã, os chefes da diplomacia vão discutir o que está em agenda: as medidas que poderão ser adotadas para dificultar ou impossibilitar a concessão de vistos a cidadãos russos, uma limitação reiteradamente pedida pelo Presidente da Ucrânia e ainda por vários Estados-membros da UE.
Note-se que o acordo de facilitação para a entrada de russos nos países da UE foi assinado em 2007 e agora está em risco de ficar suspenso.
Para o ministro português, a solução está em favorecer a proibição dos vistos, embora de uma forma equilibrada.
João Gomes Cravinho recordou que, "desde o princípio" do conflito que a comunidade europeia sempre disse que as suas medidas "não são contra o povo russo, mas sim contra o regime e a sua capacidade de fazer guerra", um princípio que o bloco não quer abandonar.
"Por outro lado, também não vejo por que é que a Rússia haveria de beneficiar de um regime de facilitação de vistos, que é um regime para países com quem temos confiança. Manifestamente, não podemos ter com a Rússia", acentuou.
Ainda assim, o governante realçou que, “em primeiro lugar”, a UE possui todos os esforços para “diminuir a capacidade da máquina militar e da própria economia russa, visto que ela alimenta a máquina militar", além de estar a fazer "todo o possível para reduzir, e se possível eliminar mesmo, a dependência europeia em relação aos combustíveis fósseis russos".
Desta forma, na ótica do ministro, o bloco comunitário tem “diferentes modalidades” que podem ser exploradas e "que não chegam a uma proibição total de vistos", que "seria uma mensagem errada a passar à população russa".
De qualquer modo, João Gomes Cravinho sublinhou que esta reunião informal não servirá para decidir certas medidas, mas é “obviamente um fórum muito importante para comparar ideias, para debater e moldar uma resposta coletiva", mostrando-se confiante de que será possível chegar a um compromisso equilibrado.