O primeiro dia de Liz Truss como primeira-ministra do Reino Unido ficou marcado por uma manifestação climática em Westminster, que manchou as ruas com tinta branca, com intuito de representar leite e a “destruição e crueldade da indústria leiteira”.
O protesto foi liderado pelo grupo ativista Animal Rebellion que, sob o lema “Futuro com base em plantas”, decidiu pintar o cruzamento da Praça do Parlamento e a zona do Big Ben, além de bloquear, através de um grupo de nove pessoas, a Rua do Parlamento para chamar a atenção da nova líder do governo britânico.
“A ação de hoje é um desafio direto à primeira-ministra Liz Truss. Pedimos-lhe que faça as mudanças drásticas que sabemos que são necessárias para combater o custo de vida, o clima, e as crises ecológicas que enfrentamos”, apontou um bombeiro reformado que participou na manifestação, citado pela imprensa britânica.
Na rede social Twitter, a Animal Rebellion confirmou estar a “apelar ao governo e a Liz Truss para apoiar as comunidades agrícolas e pesqueiras a afastarem-se da agricultura e da pesca como parte de uma transição urgente para um sistema alimentar baseado em plantas e, em seguida, reordenar as terras libertadas como resultado”.
Animal Rebellion is calling on the government and @trussliz to support farming and fishing communities to move away from animal farming and fishing as part of an urgent transition to a plant-based food system and then rewild the freed-up land as a result. pic.twitter.com/04irZTLLNX
— Animal Rebellion (@RebelsAnimal) September 7, 2022
Liz Truss começou hoje a sua jornada enquanto líder do governo britânico, ao discursar no parlamento. Aos 47 anos, é a terceira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra. Sucede ao conservador Boris Johnson, que liderou o executivo pouco mais de dois anos.
A conservadora vai assumir o cargo principal da governação britânica no momento que o Reino Unido sofre grandes consequência na sua produção agrícola devido as altas e históricas temperaturas registadas este verão e também ao impacto da guerra na Ucrânia.
De acordo com o The Guardian, as culturas de fruta e legumes poderão trazer apenas metade da sua capacidade por falta de água e até mesmo as culturas que são tolerantes à seca, como o milho, têm vindo a falhar. Já a produção de leite encontra-se em baixo a nível nacional pela falta de alimentos para as vacas.
Além dos impactos ambientais, a indústria agrícola britânica perdeu mão-de-obra sazonal, devido à invasão russa da Ucrânia, mas também por outros motivos. Segundo um inquérito do National Farmers’ Union (NFU), verificou-se menos 4% dos trabalhadores sazonais, uma vez que os que vivem permanentemente no Reino Unido e procuram trabalho vivem longe das explorações agrícolas e têm dificuldades em mudar-se para estes locais e viver em alojamentos temporários. Mais de dois terços dos trabalhadores agrícolas são de regime sazonal, apontam os dados da NFU.