Em 2021 havia mais milionários no mundo que no ano anterior. As contas são do Global Wealth Report 2022 do Credit Suisse e remetem para um total de 62 de milhões. Desses, 159 mil são portugueses e contavam com um património avaliado acima de um milhão de dólares no final do ano passado.
Comparando com 2020, existem menos 10 mil milionários portugueses, o que corresponde a 1,9% do total de adultos em Portugal. É uma quebra de 6% num ano, em contraciclo com o crescimento mundial que aumentou 9%.
Os dados mostram que cada um dos mais de 8,3 milhões de adultos portugueses tinham em média uma riqueza avaliada acima dos 154 mil dólares, um valor que significa um crescimento de 8% face ao ano anterior.
E diz ainda que a grande maioria dos portugueses adultos conta com uma riqueza avaliada entre dez mil dólares e 100 mil dólares (43,8%) e entre 100 mil de dólares e um milhão de dólares (31,3%).
E no mundo? O banco suíço garante que a riqueza mundial cresceu a um “ritmo forte” em 2021 e, no final do ano, a riqueza global nas taxas de câmbio prevalecentes totalizou 463,6 biliões de dólares, um crescimento de 9,8%. A riqueza por adulto aumentou 8,4%, para 87 489 dólares. “Deixando de lado os movimentos da taxa de câmbio, a riqueza global agregada cresceu 12,7% em 2021, que é a taxa anual mais rápida já registada”, diz o estudo. No entanto, lembra que fatores como a inflação, o aumento das taxas de juros e as tendências de declínio dos preços dos ativos “podem reverter o impressionante crescimento do ano passado em 2022”.
Mas explica que “estes valores são reduzidos porque se referem a dólares norte-americanos às taxas de câmbio atuais, e o dólar norte-americano valorizou durante o ano. Se as taxas de câmbio tivessem permanecido as mesmas de 2020, a riqueza total teria crescido 12,7% e a riqueza por adulto 11,3%”.
O Credit Suisse diz ainda que, 2021 “foi um ano abundante para a riqueza das famílias, impulsionado por ganhos generalizados nos preços das ações e por um ambiente favorável criado pelas políticas do banco central em 2020 para reduzir as taxas de juros, mas à custa de pressões inflacionárias”, acrescentando que os aumentos das taxas de juros em 2022 “já tiveram um impacto adverso nos preços dos títulos e ações e também devem dificultar o investimento em ativos não financeiros”.
A inflação e as taxas de juros mais altas podem desacelerar o crescimento da riqueza das famílias no curto prazo, “mesmo que o produto interno bruto (PIB) nominal aumente no ritmo relativamente rápido previsto para este ano”, alerta a instituição.
No total, todas as regiões contribuíram para o aumento da riqueza global, mas a América do Norte e a China dominaram, com a América do Norte a representar por pouco mais da metade do total global e a China a somar mais um quarto. Por outro lado, África, Europa, Índia e América Latina juntos responderam por apenas 11,1% do crescimento da riqueza global. “Esse valor baixo reflete a depreciação generalizada em relação ao dólar norte-americano nessas regiões”, diz o banco suíço, acrescentando que em termos percentuais, a América do Norte e a China registaram as maiores taxas de crescimento (cerca de 15% cada), enquanto o crescimento de 1,5% na Europa foi de longe o menor entre as regiões.
Para os autores do estudo não há dúvidas que o desenvolvimento mais significativo em 2021 foram os ganhos “generalizados e consideráveis” nos preços das ações.
Vai disparar até 2026
Os analistas do Credit Suisse perspetivam que o número de milionários em todo o mundo vai crescer quase 40% nos próximos cinco anos, mesmo que as taxas crescentes e a guerra da Rússia na Ucrânia estejam a fazer afundar classes de ativos e fortunas privadas este ano. “Esperamos que a riqueza global aumente em 169 biliões até 2026, um aumento acumulado de 36%”, dizem os analistas.
Feitas as contas, em 2026, haverá mais de 87,5 milhões de pessoas com pelo menos um milhão de dólares em riqueza, acima dos 62,5 milhões em 2021. O número crescerá mais rapidamente nas economias emergentes, com a China a quase duplicar a sua população milionária, mostram as previsões.
O ano de 2021 “foi um bom ano para as finanças”, afirma um dos autores da análise, Anthony Shorrocks, na apresentação do relatório, destacando o aumento das ações e a descida das taxas de juros fixadas pelos bancos centrais como principais razões.
“É muito cedo para determinar o impacto que terão a guerra na Ucrânia, a inflação e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, que podem levar a uma reversão da tendência”, defendeu também a responsável de análises do banco, Nannette Hechler-Fayd’herbe.