Um bombardeamento realizado por aviões do governo de Myanmar atingiu uma escola do país deixando pelo menos 11 crianças mortas e 15 desaparecidas. Este ataque, que também incluiu uma ofensiva terrestre, está a ser considerado o ataque mais mortífero a crianças desde que a junta assumiu o poder no ano passado, disseram um administrador escolar e um trabalhador humanitário, citados pelo Guardian.
A administradora da escola revelou que tentou levar os alunos para esconderijos enquanto dois dos quatro helicópteros Mi-35 do governo que pairavam ao norte da vila de Let Yet Kone, em Tabayin, na sexta-feira, começaram a atacar o edifício, disparando metralhadoras e armas mais pesadas sobre a escola, que tem 240 alunos do jardim de infância ao 8º ano e está localizada no complexo do mosteiro budista da vila, reporta o jornal inglês.
A ONU documentou 260 ataques a escolas e funcionários da educação desde que os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi em fevereiro do ano passado, mas o de sexta-feira foi o mais mortífero.
“As crianças nunca devem ser atacadas”, sustentou a UNICEF.
Os meios de comunicação social birmaneses independentes noticiaram o ataque do exército birmanês, responsável pelo golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2021, que mergulhou o país numa espiral de violência e destruição.
A junta militar birmanesa afirmou que o bombardeamento foi realizado em resposta a um ataque de grupos insurgentes, com “extremistas” escondidos no mosteiro, uma reivindicação negada pelas Forças de Defesa Popular (PDF), um movimento que surgiu em oposição ao golpe de Estado, segundo o meio de comunicação social birmanês The Irrawaddy.
O Irrawaddy noticiou que as tropas da resistência estavam a guardar a escola quando dois helicópteros levaram a cabo o ataque, com cerca de 80 militares a cercarem depois o espaço. A UNICEF pediu a libertação imediata do recinto.
Segundo a Associação de Assistência aos Presos Políticos, uma ONG local que recolhe informações sobre os ataques da junta, pelo menos 57 crianças com menos de 13 anos foram mortas pelos militares desde o golpe, de um total de quase 2300 civis que perderam a vida às mãos das forças de segurança birmanesas.