O funeral de Estado do antigo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, realizado em Tóquio, esta terça-feira, foi marcado por forte contestação. Os custos da cerimónia e revelações sobre os laços do partido de Abe com um controverso grupo religioso motivaram a indignação pública.
Foram organizadas manifestações de protesto no centro de Tóquio, que tentaram alcançar a zona onde decorria o funeral com cartazes. “Shinzo Abe não fez absolutamente nada”, disse à AP um manifestante presente no protesto, Kaoru Mano.
Os principais partidos da oposição boicotaram as cerimónias fúnebres oficiais, criticando os organizadores por estarem a promover “o nacionalismo” e os valores “imperialistas” de antes da Segunda Guerra Mundial.
Devido à tensão provocada pelos protestos e pela presença de ilustres figuras do mundo da política, a cidade de Tóquio manteve-se sob fortes medidas de segurança durante a cerimónia oficial sobretudo na zona onde decorreram as cerimónias, o centro de artes marciais Nippon Budokan.
O funeral contou com mais de 4 mil convidados, incluindo a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, que ficaram em silêncio enquanto um membro das forças de autodefesa do Japão entrou no salão Nippon Budokan, fazendo soar uma salva de 19 tiros em homenagem ao ex-líder assassinado em julho.
Já o suspeito dos disparos fatais, Tetsuya Yamagami, disse aos investigadores que tinha como alvo o político por causa de seus laços com a Igreja da Unificação, instituição acusada de controlar dirigentes políticos através de “donativos”. Abe não era membro, mas enviou uma mensagem de vídeo de felicitações para um evento relacionado à igreja no outono passado.