Foram anos felizes para os adeptos do Vitória que há muito sonhavam com a presença da sua equipa na I Divisão. Mas a alegria já vinha de trás e ia-se impondo a pouco e pouco. A época de 1938-39 já podia ser considerada de sucesso. Fez a sua estreia na Taça de Portugal, foi campeão distrital de Braga e campeão do Minho, competição organizada pelas associações de futebol de Braga e Viana do Castelo. Afinal, a rapaziada não sabia só perder.
A Taça de Portugal fez crescer água na boca aos vimarenenses. Eliminaram o Olhanense numa espécie de pré-eliminatória e cai-lhes, de imediato, pela frente, o FC Porto. Esmagados fora por 1-11, conseguem uma vitória agradável em casa por 3-2. Na época seguinte inicia a competição frente ao Barreirense: 0-0 no Campo D. Manuel de Melo e, no jogo da volta, uma vitória sensacional sobre os primodivisionários: 6-1.
Muitos nem queriam acreditar. Se o Vitória era capaz de bater desta forma violenta uma equipa da I Divisão, o que é que andava a fazer pela segunda? A eliminatória que sobreveio pôs alguma água na fervura – Sporting: 4-4 e 0-12. Vingança no ano seguinte, só eliminatórias a uma mão: 7-2 ao Estoril; 4-1 ao Espinho; 2-1 ao Sporting e, Hurrah!!!, pela primeira vez a equipa do berço da pátria jogaria a final. Não chegou para o Belenenses, que venceu por 2-0, mas já outra festa se espalhara pela cidade e seus arredores, de Celeirós a São Clemente de Silvares: a da subida.
Com a conquista de cinco campeonatos distritais consecutivos e três do Minho, também em fileirinha, ninguém podia pôr em causa que o Vitória era a melhor equipa do distrito. E disputaria com o vencedor do campeonato regional da Associação de Aveiro um posto na I Divisão. Um jogo só, em terreno neutro, o Campo da Constituição, no Porto, tendo o União de Lamas como adversário. Um embate avassalador que terminou com a vitória vimarenense por 6-4.
Dia 11 de janeiro de 1942. O Nacional teria início poucos dias mais tarde. Com doze participantes: Benfica, Sporting; FC Porto, Belenenses, Académica, Barreirense, União de Lisboa, Carcavelinhos, Olhanense, Académico do Porto, Leça e, orgulhosamente estreante, o Vitória Sport Clube.
Diga-se desde já que as coisas não saíram bem aos minhotos, terminando a prova em penúltimo, com 13 pontos em 22 jogos, referentes a 6 vitórias, um empate e 15 derrotas, só com o Leça abaixo de si, ambos condenados à despromoção.
No Benlhevai
Nessa altura, o Vitória de Guimarães jogava no Campo do Benlhevai e era aí que recebia resolutamente os seus adversários. Inaugurado em 1932, no dia 24 de janeiro, num encontro amigável frente ao Salgueiros que redundou numa goleada para os da casa – 1-6 – era «um campo pequeno, com medidas mínimas, que ficava situado entre a Casa dos Cajatos, (oficina de ferradores), a Escola Secundária Francisco de Holanda e a Casa do Proposto, na avenida S. Gonçalo, limitado à esquerda por uma entrada, junto à parada do antigo quartel dos Bombeiros (hoje Centro Comercial Triângulo), onde se situava o peão», segundo palavras de Joaquim Azevedo, uma espécie de biblioteca da história vitoriana.
Foi aí, portanto, que o Vitória recebeu o Benfica pela primeira vez no campeonato (amanhã volta a jogar com os encarnados mas no moderno Afonso Henriques), no dia 31 de maio de 1942. Os seus jogadores bateram-se em grande contra os que viriam a ser campeões nacionais, com Alexandre a dar vantagem aos minhotos (18m) de grande penalidade a castigar o desvio de Gaspar Pinto com a mão de uma bola por si chutada.
Até ao intervalo, o Vitória foi controlando o seu adversário mas, no segundo tempo, não resistiu à força encarnada que deu a volta ao resultado por Nelo Barros (65m) e por Francisco Rodrigues (75m). Fosse como fosse, cumprira o seu dever.